Sindicatos trazem embaixador da Palestina para Curitiba

A APP-Sindicato foi sede do Seminário Internacional Palestina Livre, que aconteceu nesta quarta-feira. O evento foi organizado por diversos sindicatos: Senge-PR, Sindijor, Sindipetro, Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, Sindijus, Sismuc, além de CUT e Federação Árabe Palestina do Brasil. Cerca de 150 pessoas participaram.

Ibrahim Ialzeben, embaixador da Palestina no Brasil foi o convidado. Ele é nascido na Jordânia e seus pais foram forçados a sair de seu território após a ocupação israelense.

Cobertura da imprensa
 
Durante a tarde, a APP também organizou uma coletiva de imprensa, voltada para jornalistas de sindicatos e movimentos sociais. A estratégia é usar esses meios para divulgar as informações sobre o povo Palestino. Segundo o embaixador, hoje a leitura da mídia sobre a questão não é equilibrada: "O posicionamento dos grandes meios é tímido e lamentavelmente para poderem cobrir algum ato tem que correr muito sangue palestino. De fato, o que queremos é deixar de ser notícia, mas não pelo ocultamento das nossas questões, mas porque queremos ter uma vida normal".
 
A ideia de usar os meios sindicais e de movimentos sociais se dá pela aproximação da causa com os militantes. "Acho que pela primeira vez na história a sociedade civil está tomando sua verdadeira dimensão na tomada de decisões. Portanto isso é um apoio para a posição oficial do Brasil (que reconhece o Estado Palestino) e um suporte material, inclusive, e moral para o movimento", reconhece. Hermes Leão, secretário de Organização da APP, afirma que o tema está incorporado nas discussões da entidade. "É uma pauta importante para a APP-Sindicato e para o conjunto dos movimentos sociais progressistas porque faz uma defesa pela autodeterminação dos povos".
 
Educação e áreas de conflito
 
O objetivo do seminário é trazer mais informações para os educadores, para que possam tratar de forma esclarecida isso em sala de aula. Além disso, de 28 a 1º de dezembro acontecerá o Fórum Social Mundial Pró-Palestina, que deve receber 20 mil pessoas de diversas organizações mundiais. Uma das mesas é específica sobre a educação na Palestina. "Nós temos pouco conhecimento da causa. Temos que criar uma nova mentalidade para a solidariedade. Pensar globalmente e agir localmente", explica Fátima Aparecida da Silva – secretária de Relações Internacionais da CNTE. Para ela, é preciso propor questões concretas, como, por exemplo, convênios e bolsas de estudo para intercâmbio entre os países.
 
Exumação de Arafat
 
Nesta semana, a viúva de Yasser Arafat pediu a exumação de seu corpo. O líder palestino faleceu há oito anos e não se sabe a causa da morte. Uma investigação que durou nove meses, em uma laboratório suíço, descobriu que pertences de Arafat, particularmente as roupas, a escova de dentes e seu icônico lenço, continham níveis elevados de polônio. Isso levantou suspeitas de envenenamento.
 
Ibrahim Ialzeben afirma que não duvida do assassinato e torce para que o suposto crime seja esclarecido. "Israel sempre tem perseguido nossos líderes. Este governo não acredita na paz, acredita em assassinato político".
 
Ele faz questão de afirmar que a discórdia é contra a forma de governo, e não contra o povo judeu. "Queremos deixar de usar as palavras inimigo ou revanche. Esse também é um processo de educação. Ajudem-nos a realizar esse direito. Ajudem que a vítima de hoje seja a última. Com tanta dor temos o poder de perdoar", pede o embaixador. E acrescenta: "Não usem a dor da Palestina para interesses. Não usem isso para fins políticos. A dor da Palestina é maior".
 
Para entender o caso:
 
Em 1897, durante o primeiro encontro sionista, ficou decidido que os judeus retornariam em massa à Terra Santa, de onde muitos foram expulsos pelos romanos no século III d.C..
 
Nessa época, a área pertencia ao Império Otomano, onde viviam cerca de 500 mil árabes. Em 1903, 25 mil imigrantes judeus já estavam vivendo entre eles, em 1948, durante a época da criação do Estado de Israel, já somavam 600 mil, que começaram a expulsar os palestinos.
 
Diversas guerras e conflitos marcam a região e hoje este povo compõe o maior contingente de refugiados do mundo – 5 milhões, boa parte vivendo nos 59 campos de refugiados. Isso significa quase metade da população, que é de 11 milhões de pessoas. Desde a ocupação, 800 mil palestinos foram presos e 5 mil ainda estão atrás das grades.
 
Leia outras notícias como essa no nosso clipping