Manifestação

Educadores relembram violência de 88 e expõem suas reivindicações no 30 de agosto

Exatos dezoito anos após o triste episódio de 30 de agosto de 1988, quando o então governador Álvaro Dias reprimiu de forma violenta uma legítima manifestação dos educadores da rede estadual de ensino, a categoria paralisou as atividades e ocupou as ruas do centro de Curitiba para o protesto do Dia de Luto e Luta dos Educadores do Paraná, e também para cobrar suas reivindicações. De acordo com a comissão organizadora, mais de cinco mil trabalhadores participaram da atividade, realizada na manhã desta quarta-feira.

A já tradicional passeata de 30 de agosto começou com concentração na Praça Santos Andrade. Por volta das 11h, os manifestantes saíram em caminhada até o Palácio Iguaçu, sede do Governo do Estado. A novidade desse ano foi a composição de blocos para contar a história da APP-Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Paraná, partindo dos dias atuais até o lamentável 1988. A primeira ala; composta por professores e funcionários de escola dos núcleos sindicais de Cascavel, Assis Chateaubriand, Toledo, Foz do Iguaçu, Pato Branco, Francisco Beltrão e Laranjeiras do Sul; teve como tema “APP: rumo aos 60 anos”. Logo atrás, educadores dos núcleos de Irati, Guarapuava, Ponta Grossa e União da Vitória retrataram o atual governo Requião (2003 a 2006), expondo, principalmente, os ataques à liberdade de organização sindical sofridos pela APP. O terceiro bloco, dos núcleos de Maringá, Paranavaí, Mandaguari e Apucarana, tratou da segunda gestão de Jaime Lerner frente ao governo do Estado. Já a quarta ala, composta pelos núcleos de Londrina, Cambará, Cornélio Procópio, Arapongas, Jacarezinho e Ivaiporã, contou a história do primeiro mandato de Lerner. O período de 1991 a 1994, quando o Estado esteve sob o governo de Requião, foi retratado pelos núcleos de Cianorte, Umuarama e Campo Mourão. O último bloco contou a origem do 30 de agosto. Educadores dos núcleos Curitiba Norte, Curitiba Sul, Metropolitana Norte, Metropolitana Sul e Paranaguá se fantasiaram de policiais, com direito a cassetetes e escudos que traziam a frase “professores em choque”.

Próximo ao meio-dia e após percorrerem cerca de 3km, os educadores chegaram ao Palácio Iguaçu. Lá, lideranças sindicais e trabalhadores de base se revezavam ao microfone. Segundo a diretora da APP, Janeslei Albuquerque, “o governo Álvaro Dias não deixou nenhuma saudade, mas é preciso lembrar do 30 de agosto para que nunca mais aconteça um massacre como aquele”.

A manifestação terminou no início da tarde com apresentação do grupo Mundaréu, que é formado por músicos, dançarinos, bonequeiros, pesquisadores e arte educadores, que juntos lançam mão da cultura popular brasileira.

Reivindicações
As principais reivindicações dos educadores foram as seguintes: equiparação salarial com os demais funcionários do Estado com nível superior, plano de carreira dos funcionários, fim das perseguições políticas à APP, cargo de 40 horas, saúde, mais recursos para a Educação Básica, e redução do número de alunos por turma.

Saiba mais
30 de agosto de 1988. Professores estaduais se concentravam em frente ao Palácio Iguaçu para reivindicar o cumprimento do piso de três salários mínimos. O então governador Álvaro Dias se recusava a respeitar o direito dos trabalhadores e resolveu, numa atitude irresponsável e autoritária, acionar a Polícia Militar para intervir na manifestação. Cassetetes e cavalos foram utilizados. O resultado da brutalidade não poderia ser pior. Dezenas de professores foram espancados e até hoje sofrem com seqüelas daquela luta histórica. A partir daquele ano, os educadores definiram o 30 de agosto como dia de luto e luta da categoria.

Fonte: CUT/PR

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