Pelo fim da marmita

Cerca de 300 servidores municipais lotaram o auditório da Câmara Municipal de Curitiba para exigir a substituição da marmita oferecida pela prefeitura por vale-alimentação. A manifestação aconteceu no dia 29 de novembro.

Os servidores reclamam da qualidade da marmita, produzida pela empresa Risotolândia, que desde a gestão do ex-prefeito Cassio Taniguchi (PFL) presta serviços à administração municipal.

Durante audiência pública das comissões de Legislação e Serviço Público, dezenas de trabalhadores se revezaram ao microfone. Todos, sem exceção, criticaram a qualidade da alimentação.

Convocada a pedido da vereadora Professora Josete (PT), a audiência teve como objetivo discutir um projeto do prefeito Beto Richa (PSDB) que pretende institucionalizar um sistema de alimentação da categoria.

“Precisamos fazer emendas ao projeto de forma a garantir que os servidores possam optar por receber um bloco de vale-alimentação ou então um auxílio em dinheiro”, afirma a vereadora petista. “Da forma como está a redação do projeto, nada muda.”

O artigo 7º do projeto prevê a possibilidade de troca da marmita por outra forma de alimentação apenas para os trabalhadores do período noturno ou durante os finais de semana.

Pesquisa
O Sindicato dos Servidores do Município de Curitiba (Sismuc) e o Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal (Sismmac) apresentaram um levantamento sobre a opinião de ambas as categorias a respeito da qualidade da alimentação fornecida pela administração municipal.

De um total de 1.571 servidores entrevistados, 65,9% declaram ter desistido de consumir a marmita —a maioria por causa da qualidade dos alimentos. Nada menos que 65,3% classificam como “ruim” a qualidade da comida.

O dado mais alarmante: 59,9% dos servidores declararam já ter encontrado algum “objeto estranho” dentro de marmitas da Risotolândia. “Objetos” mais citados: “fios de cabelo”, “pedras”, “insetos” e “ovos com casca”. Casos de “bituca de cigarro” e “chicletes” também foram mencionados.

As principais reclamações quanto à qualidade dizem respeito à “falta de higiene”, “aspecto desagradável” e temperatura “fria” dos alimentos. A pesquisa foi realizada entre 17 de outubro e 25 de novembro deste ano.

Nova licitação

Presente à audiência, a coordenadora de Alimentação da Secretaria Municipal de Recursos Humanos, Alboni Ziemer, revelou que a Prefeitura de Curitiba está realizando uma nova licitação na área de alimentação.

O prazo-limite dos atuais contratos —assinados durante a gestão Taniguchi e prorrogados pelo prefeito tucano Beto Richa—estaria se esgotando nos próximos meses.

A auxiliar do prefeito não ofereceu maiores detalhes sobre o assunto, nem se manifestou a respeito das críticas à qualidade do serviço prestado pela Risotolândia.

Questionada sobre a propriedade da empresa, Alboni cometeu um ato falho ao se referir à prestadora de serviços como “a nossa Risotolândia”.

“O prefeito deveria ouvir a reivindicação unânime dos servidores, e cancelar tanto os atuais contratos com a Risotolândia quanto essa nova licitação”, propõe a vereadora Professora Josete.

“Ao invés de gastar com terceirizações, a prefeitura deveria repassar os mesmos recursos diretamente aos servidores, o que não traria prejuízo algum aos cofres públicos.”

Fonte: Fernando César / Gabinete Professora Josete

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