SISMUC participa da VI Conferência Municipal de Política para Mulheres e debate as propostas que serão apresentadas no encontro estadual

Democracia, Diversidade e Territórios para todas as mulheres foi o tema escolhido para a centralizar as discussões do encontro 

 

Nos dias 27 e 28 de junho, mulheres do segmento governamental, trabalhadoras e de diferentes organizações da sociedade civil se reuniram no auditório do Centro Politécnico da UFPR para a VI Conferência Municipal de Política para Mulheres, com objetivo de discutir propostas que fortaleçam as políticas públicas que impactam a vida das mulheres. 

A ministra das mulheres, Márcia Lopes, esteve presente na abertura do evento, onde falou sobre a importância desse espaço como um mecanismo de se ampliar a democracia, pois ouvindo as vozes das mulheres é que se pode garantir igualdade de direitos e construir políticas públicas para as diferentes realidades vividas. “Mais democracia, mais igualdade e mais conquistas para todas. E é isso que nós desejamos para o Paraná e para o Brasil”, afirmou a ministra, que também indicou a necessidade de se realizar um mapeamento das mulheres de Curitiba, entendendo quem elas são, onde habitam e de quais políticas precisam.

O SISMUC levou a pautas das servidoras públicas, apresentando e defendendo propostas como a criação de uma política de enfrentamento ao adoecimento das trabalhadoras e a efetivação de políticas públicas intersetoriais para mulheres por meio de ampliação de  concursos públicos. 

Para Antonia Liliane Rodrigues, assistente social e integrante da direção do SISMUC, as conferências representam um espaço importante para o diálogo, mas critica a falta de diversidade  na participação, principalmente de mulheres da classe trabalhadora e daquelas que são de fato excluídas quando se trata de acesso à políticas públicas. “[A conferência] ainda é um ambiente elitizado, cadê as mulheres da periferia? A Prefeitura não oferece um espaço de recreação para mulheres que são mães e gostariam de participar, mas não têm com quem deixar seus filhos pequenos.” Antonia aponta que os entraves iniciaram já nas Pré-Conferências, pois a divulgação foi fraca e não atingiu as mulheres que compõem a população. Além disso, ela avalia que as políticas para mulheres ainda não são encaradas de forma intersetorial pela Prefeitura, uma vez que é preciso reunir a Secretaria de Mulheres com as demais secretarias, como a de saúde, educação, com a FAS e a SMELJ, por exemplo. 

Anoema Lopes, líder comunitária no Pinheirinho, do alto dos seus 72 anos de idade, é uma participante ativa de debates que envolvem os direitos e o fortalecimento da comunidade. “Para nós mulheres, o mais importante é você participar, principalmente de conferências. A única coisa é que às vezes fico triste, porque a gente tem habilidade para avançar nas pautas, mas o pessoal não participa”, desabafa.

Debate dos eixos e escolha de delegadas para a Conferência Estadual

O segundo dia de Conferência iniciou com as delegadas se dividindo em grupos de estudo dos sete eixos, momento em que as participantes se organizaram para debater os temas e contruir propostas a serem levadas para a Conferência Estadual. Os eixos escolhidos para debate foram: 

I – Territórios Livres de Violência;

II – Saúde integral de todas as Mulheres;

III – Educação não Sexista e Cultura para a Igualdade

IV – Crise Climática, soberania e Segurança Alimentar e Nutricional; V – Trabalho, Igualdade e Autonomia Econômica;

VI – Política Integral de Cuidados;

VII – Memórias e Ancestralidade das Mulheres. 

Entre as proposições aprovadas pelas delegadas estão a de ampliar o quadro funcional de todas as profissionais de saúde via concurso público; regularizar áreas de ocupação para garantir saneamento básico — onde a maioria da população é composta por mulheres e meninas; ampliar campanhas publicitárias sobre violência contra as mulheres; monitorar e avaliar a efetivação das políticas públicas sob o ponto de vista da interseccionalidade; contruir normativas legislativas e jurídicas que impeçam penalizações funcionais e salariais para as trabalhadoras que apresentem atestado médicos para cuidado de familiares; entre outros pontos.

Durante a plenária final, o grupo referendou as moções apresentadas, são elas de:

  1. Repúdio ao Banco Central, pedindo redução das taxas de juros. 
  2. Apoio ao povo palestino e repúdio ao genocidio de mulheres e crianças palestinas.
  3. Recomendação à criação de casa de acolhimento que atenda mulheres em situação de rua. 
  4. Apoio ao plebiscito popular 2025. 
  5. Apoio ao programa nacional de imunizações. 
  6. Repúdio ao governo estadual por conta da plataformização da educação. 
  7. Apoio às aposentadas do município de Curitiba e recomendação ao prefeito para que cumpra seu compromisso de revogar o desconto de 14%.
  8. Repúdio ao congresso nacional em relação à lei da alienação parental que representa uma grave ameaça aos direitos das mulheres. 
  9. Repúdio à política de adoecimento e mortes de professoras nas escolas do Paraná. 
  10. Recomendação à Câmara de Curitiba pela aprovação da política de apoio às mulheres vítimas de violência doméstica. 
  11. Repúdio à criação da empresa PARS S.A.
  12. Repúdio à criação de escolas cívico militares.

Ao final, aconteceu a escolha das delegadas que irão para a Conferência Estadual de Política para Mulheres, a ser realizada nos dias 5, 6 e 7 de agosto de 2025 em Foz do Iguaçu. Foram eleitas delegadas governamentais e da sociedade civil organizada.