O SISMUC, mais uma vez, demonstrou sua força e representatividade ao conquistar, na manhã dessa quarta-feira (24/01), a retomada das negociações com a nova gestão da Fundação de Ação Social. A reunião, pautada pelo Sindicato, contou com a presença do presidente da FAS, Renan de Oliveira Rodrigues, da chefe de gabinete, Laline Moreira Chiarello Piasson, e da coordenadora de Recursos Humanos, Valdirene Alves Pires. O objetivo foi avançar em demandas históricas da categoria e solucionar problemas, como questões salariais, jornada de trabalho, segurança, formação continuada, condições adequadas de trabalho, déficit de servidores, concurso público, remanejamento e o combate ao assédio moral.
Juliana Mildemberg, coordenadora geral do SISMUC, destacou a importância de manter um canal de diálogo direto com a gestão da FAS. “É fundamental termos um espaço aberto para resolver os problemas que afetam nossos servidores”, afirmou. Antônia Liliane Lima Rodrigues, assistente social e integrante da direção do Sindicato, reforçou a necessidade: “Como servidora da FAS, peço que o senhor preze pelo bom trabalhador”. O Secretário garantiu que o diálogo está aberto, assegurando que “podem ter essa liberdade para buscar o gabinete sempre que necessário”.
Outra questão central apresentada pelas diretoras do SISMUC ao Secretário foi quanto a carreira de todos os servidores da FAS. O SISMUC defendeu a criação de um plano de carreira específico previsto na NOBRH SUAS, separando-os do plano geral e garantindo avanços nos direitos específicos da categoria. “Essa é uma pauta histórica. Uma carreira única assegura mais direitos e facilita a administração da FAS”, explicou Alessandra Oliveira, diretora do SISMUC. Além disso, ela informou que há movimentos quanto à regulamentação e formação da carreira dos educadores sociais, inclusive com a construção de um curso para educadores sociais nas Universidades públicas – atualmente já existe em alguma universidades privadas-, destacando a luta quanto a formação e regulamentação da carreira, que existe desde os anos 1990.
O SISMUC apresentou a necessidade urgente da realização de concursos públicos, reforçando que, embora tenha sido realizado um concurso para técnicos e educadores sociais a demanda ainda existe, considerando que novas unidades estão sendo abertas e o efetivo continua o mesmo. Além disso, o Sindicato lembrou que há urgência em abrir novos certames para cuidadores, garantindo o fim da terceirização, que impõe uma alta rotatividade de trabalhadores. O presidente da FAS afirmou que estão sendo levantadas as demandas e a ampliação do número de técnicos será analisada com atenção.
As condições de trabalho também foram amplamente pautadas pelo Sindicato. Antônia Liliane destacou que, embora haja alguns avanços, como na ampliação da disponibilidade de computadores, os espaços ainda são inadequados. “Os equipamentos são extremamente precários. Falta mobiliário adequado, ventilação, computadores suficientes e até rotas de fuga. Bebedouros e banheiros também não estão em condições mínimas”, denunciou. Ela ressaltou a necessidade de melhorias ergonômicas e ambientais para garantir um atendimento digno tanto aos servidores quanto à população.
A situação crítica dos espaços, em especial a da FAS SOS também foi abordada. Alessandra apontou a falta de saídas de emergência, problemas com pragas urbanas, como ratos, carrapatos e baratas, e o dimensionamento inadequado de pessoal. “Precisamos resolver essas questões urgentemente e, antes de abrir novos locais é primordial fazer o planejamento, inclusive do dimensionamento de pessoal e a adequação do ambiente”, afirmou. Antônia complementou: “quando se abre uma nova casa, fecha outra. Não há um planejamento adequado. Fecha-se o atendimento básico do CRAS e do CREAS, e abre-se outro espaço de acolhimento. Isso sobrecarrega os Centros de Referências, já que o território de atendimento aumenta. É como cobrir um santo e descobrir outro”, disse.
A formação dos servidores também foi tema de debate. O SISMUC defendeu a implementação de formações continuadas, dentro do horário de trabalho e sem prejuízo financeiro para os trabalhadores. “Muitos servidores aprenderam no dia a dia, sem um curso específico após a nomeação. Precisamos de formação para que os profissionais entendam a realidade e saibam como deve ser feito o atendimento da população”, argumentou Juliana. O secretário se comprometeu a elaborar uma portaria para regulamentar a formação continuada.
O combate ao assédio moral, uma pauta recorrente do SISMUC, também foi discutido. Juliana relatou que a FAS é uma das secretarias com mais processos administrativos em andamento, muitos deles decorrentes de denúncias de assédio. “Quanto mais despreparadas as chefias, mais episódios de assédio ocorrem, inclusive, para além do assédio, há também o abuso de poder que precisa ser solucionado. Precisamos de formação para as chefias e, de imediato, retomar o descritivo de função dos profissionais, para que todos compreendam suas responsabilidades”, explicou. Alessandra complementou, destacando o impacto do assédio na saúde dos servidores. “O adoecimento mental e físico é uma realidade. Precisamos agir para mudar essa situação”. Segundo dados do Departamento de Saúde Ocupacional e Perícia Médica de Curitiba, apenas entre 1º de janeiro e 20 de março de 2024, 277 servidores públicos da FAS foram afastados por LTS.
A relação com os profissionais da defesa social também foi pautada, com o SISMUC defendendo a necessidade de uma formação voltada à assistência social para estes trabalhadores que atuam nas unidades da FAS e, especialmente, no acolhimento à população em situação de rua. “Temos perfis diferentes de atendimento, mas quando os profissionais estão despreparados, os problemas nos espaços aumentam, inclusive com relatos de episódios violentos”, destacou Alessandra.
A saúde dos servidores, especialmente no que diz respeito à vacinação, também foi discutida. O Sindicato cobrou a inclusão dos profissionais da FAS nos grupos prioritários para a vacinação. “Esses profissionais estão mais expostos a doenças e precisam ser protegidos”, reforçou Juliana. O secretário se comprometeu a tratar do assunto, afirmando que “essa não é uma pauta difícil de atender”.
Ao final da reunião, o SISMUC reafirmou seu compromisso com a defesa dos servidores da FAS e com a melhoria das condições de trabalho e atendimento à população vulnerável. A retomada do diálogo com a presidência da Fundação representa um passo importante, mas o Sindicato segue vigilante e mobilizado para garantir que as promessas da gestão se transformem em ações concretas. “Assistência social não se faz sem assistente social, sem educadores, e os demais servidores da assistência. É obrigação do Estado garantir e direito do cidadão de acessar. E os servidores estão aqui, lutando para que esse direito seja garantido”, concluiu Antônia, reforçando a importância da união e da luta contínua por uma FAS mais justa e eficiente.