Cultura recebe menos de 1% do total de investimento público do município

No começo da década passada, em gestões anteriores do governo municipal de Curitiba, artistas da cidades já reivindicavam para que o orçamento dedicado à cultura chegasse a pelo menos 1% de todas as despesas da Prefeitura. Anos se passaram e novas gestões assumiram, mas o investimento cultural ainda é ínfimo e não alcançou a meta desejada pelos artistas. 

Historicamente, o SISMUC também vem lutando para que o município reveja a destinação da verba pública para a cultura. O tema foi debatido em negociações, para que fosse de 2% o repasse do orçamento para a Fundação Cultural de Curitiba (FCC). Infelizmente, em 2023, apenas 0,92% foi o percentual total destinado à área. 

“Quando a gente fala milhões, se eu olho isso aí do meu ponto de vista, do meu salário, da minha vida, isso é muito, muito, muito, muito. Mas, quando eu estou falando de um orçamento de bilhões, isso é muito pouco”, declara Cid Cordeiro, economista. Ele destaca ainda que os gastos em 2024 estão previstos para serem ainda menores do que no ano passado. 

Ações culturais para toda a cidade

É importante também descentralizar os programas culturais que a Prefeitura oferta à população. Implementar programas sociais e culturais é de extrema importância para fortalecer os bairros periféricos.

Faltam iniciativas culturais promovidas pelo governo municipal nas áreas mais distantes do centro, onde raramente são realizadas atividades culturais. Isso resulta na necessidade das pessoas se dirigirem até o centro em busca de entretenimento cultural e até mesmo contribui para a exclusão cultural dessas comunidades, privando-as do acesso à arte e à expressão criativa. 

Cultura também é uma das impactadas pela avalanche das terceirizações

A terceirização da gestão da cultura no município de Curitiba é uma questão que suscita preocupações e debates há bastante tempo. Com a criação do ICAC (Instituto de Cultura e Arte de Curitiba) pela FCC há mais de duas décadas, a gestão e produção cultural passaram a ser delegadas a essa entidade. O ICAC tem a responsabilidade de executar as políticas públicas definidas pela Prefeitura e implementadas pela FCC.

Um dos principais problemas é a possibilidade de concentração de recursos da cena cultural nas áreas mais privilegiadas da cidade. Com a gestão terceirizada, pode haver uma tendência de priorizar regiões com maior potencial de retorno financeiro ou visibilidade, deixando as áreas periféricas com menos investimento e oferta cultural.

Além disso, pode limitar a pluralidade de expressões culturais ao privilegiar determinadas formas de arte ou manifestações culturais mais comerciais, marginalizando e subestimando outras formas de expressão cultural que são igualmente importantes para a identidade de toda a comunidade.

Nota de pesar – Lawrence Carvalho Ferreira da Silva

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