Morte de pedagoga gera comoção e escancara insuficiência de protocolos

No último domingo (13), a
pandemia de Covid-19 tirou a vida de mais uma trabalhadora da educação em
atividade presencial. Vera Cristina Kussek tinha 48 anos e trabalhava como
coordenadora pedagógica da unidade Santa Quitéria da Escola Atuação.

Sua morte vem gerando grande comoção entre os trabalhadores da educação.
Além da tristeza pela perda de alguém que se dedicava com afinco à educação há
mais de 30 anos, a morte de Vera também levanta suspeita sobre a insuficiência dos protocolos de segurança
para o retorno presencial das aulas e sobre a falta de transparência com que escolas particulares tratam surtos e
casos suspeitos de Covid-19.

Além de Vera, outra coordenadora
pedagógica da mesma unidade está internada com um quadro grave de Covid-19. Mesmo diante de um possível surto de Covid-19 na unidade, as
aulas não foram suspensas e a nota oficial publicada pela escola não menciona o
motivo da morte, nem as medidas tomadas para controlar a transmissão.

A proprietária da Escola Atuação
é presidente do Sindicato
dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Estado do Paraná (Sinepe-PR),
entidade que vem defendendo o retorno presencial desde o ano passado e que
chegou a entrar com um mandado de segurança para pressionar o poder público a
conceder a liberação.

A insistência dos donos de
escolas particulares vem sendo decisiva para criar a imagem de que o retorno
presencial é seguro e que depende apenas do cumprimento dos protocolos de
distanciamento social. Apesar de toda a propaganda feita, a trágica morte de profissionais em
exercício continua colocando essa suposta segurança em xeque.

Três dias antes da morte de Vera,
a pandemia de Covid-19 tirou a vida da professora Márcia Diniz, de 39 anos, que
lecionava na unidade Barigui do Colégio Santo Anjo, tradicional escola
particular de Curitiba.

Quem se responsabiliza por essas vidas interrompidas? Na rede pública, sabemos que a falta de estrutura
das escolas impede que até mesmo que os protocolos sanitários sejam cumpridos corretamente. Ena rede
particular? Infelizmente, essas mortes
trágicas e doloridas mostram que os protocolos não são suficientes nem mesmo
onde há condições de cumpri-los corretamente.

O ensino remoto poderia ter salvo
a vida de Vera, de Márcia e de tantos outros trabalhadores. Especialistas
ouvidos na CPI da Covid-19 estimam que 3 em 4 mortes poderiam ter sido evitadas
no Brasil caso o governo federal tivesse adquirido vacinas antes e adotado mais
medidas de combate à pandemia.

Casos de Covid-19 entre
professores que trabalharam presencialmente é três vezes maior do que os da
população da mesma faixa etária
, segundo estudo realizado por pesquisadores
de cinco universidades que acompanharam a incidência durante o mês de abril e
299 escolas da rede estadual de São Paulo.

Mesmo com leitos de Covid-19
esgotados e fila de espera por atendimento, o governo Ratinho Jr.manteve o plano de reabertura
que já envolve cerca de 900 colégios e aproximadamente 40 mil estudantes. Destes, pelo menos nove colégios e 135
turmas já tiveram que suspender as aulas devido a casos de contaminação por
Covid-19.

Os protocolos são ainda mais
questionáveis nesse período do ano, em que é mais difícil manter os espaços
abertos e arejados devido ao frio e no qual as doenças respiratórias são tão
comuns, o que faz com que muitas pessoas minimizem ou ignorem sintomas leves,
como coriza ou dor de cabeça.

O SISMMAC e o SISMUC manifestam seu pesar e solidariedade
às famílias de Vera, de Márcia e das demais vítimas de Covid-19,reafirmando
também o seu apoio à luta das trabalhadoras e trabalhadores da rede particular
e das demais redes públicas de educação. Os sindicatos seguem firmes na luta pela garantia de
retorno das aulas presenciais em Curitiba somente após a imunização dos
trabalhadores e de um calendário de vacinação que inclua todos os servidores e
profissionais que trabalham em empresas terceirizadas.