Zumbi: um símbolo da resistência

Em 20 de novembro se marca mais
uma vez o Dia da Consciência Negra. Momento em que celebramos a luta, a
resistência negra no processo de formação da sociedade brasileira. Nesta data
lembramos um dos grandes símbolos da luta negra, Zumbi dos Palmares. Em vários
estados e municípios, a data é comemorada como feriado. Em Curitiba, mesmo com
uma Lei aprovada na Câmara Municipal, desde 2013, não temos o feriado. Isto em
virtude de decisão do Tribunal de Justiça do Paraná, que acatou pedido de
suspensão do feriado feito pela Associação Comercial do Paraná. Isto propiciou
uma das cenas mais emblemáticas da luta negra no Paraná nos últimos anos.

Interesses econômicos e racismo 

Centenas de lideranças negras
fizeram, em novembro de 2013, dois atos públicos históricos em frente ao
Tribunal de Justiça e em frente à Associação Comercial do Paraná, para
questionar o argumento principal dos contrários ao feriado: as tais razões
econômicas. Diziam no Manifesto do Comitê Zumbi dos Palmares: “Mas não é de hoje que conhecemos o bom e
velho fundamento econômico. Pois também por motivos econômicos, por mais de 300
anos negros foram sequestrados de suas terras, comercializados e coisificados.
Por motivos econômicos, os negros engrossam as favelas, compõem a parcela mais
pobre da população, recebem os menores salários e compõem a grande maioria dos
presos no sistema carcerário do Paraná (…). Neste sentido, entendemos que os
interesses econômicos, se confundem tão profundamente com o racismo enraizado
na nossa sociedade”.

A política é feita de símbolos

Os símbolos de resistência
constituem-se também como grandes mecanismos de educação e formação da
sociedade. São momentos de tirar o véu, de revelação de mazelas sociais, na
maioria das vezes encobertadas pelos mecanismos ideológicos de dominação
econômica, social ou étnico-racial. Hoje, através do gesto de protesto de
atletas norte-americanos, o mundo todo observa que a igualdade racial naquele
país, ainda está distante de ser alcançada. Muito pelo contrário, a eleição de
Trump deu um certo empoderamento aos racistas, defensores da supremacia branca.

Vidas negras importam 

O protesto pacífico e silencioso teve
início com o atleta de futebol americano Colin Kaepernick, que dobrou um joelho
durante a execução do hino nacional norte-americano antes dos jogos do San
Francisco 49ers. O gesto tem sido realizado por vários atletas americanos. No
último período são visíveis vários movimentos de rua naquele país, contra a
violência contra negros. As palavras de ordem “Vidas Negras Importam” chegam
aos quatro campos do mundo. Slogan muito próximo ao que se tinha na Marcha Silenciosa de Protesto, com mais
de 10 mil pessoas, ocorrida em Nova York, no dia 28 de julho de 1917: “Me dê
uma chance de viver”. A luta negra continua muito atual e se consolida como uma
das grandes causas da humanidade.