Aumento da jornada de trabalho entra na pauta golpista

Adicionar o debate do aumento da
jornada de trabalho era o tempero que faltava na salada golpista. Essa demanda
foi ensaiada pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), de forma
atrapalhada, e também sinalizada pelo governo Temer (PMDB).

Depois de preparar um prato que
inclui cortes na Previdência Social, na Assistência Social, no Sistema Único de
Saúde e nos direitos trabalhistas, a defesa de mudança na jornada de trabalho
busca aumentar a margem de lucros das grandes empresas e promover o corte de despesas
às custas do trabalhador. Cada vez mais fica nítido que esse é o papel do
presidente interino.

A questão é que a jornada de
trabalho no Brasil já é intensa e extensa. É, em termos absolutos, maior do que
em países como Chile e Espanha. No que se refere à produtividade, a jornada
também não dá descanso para o trabalhador brasileiro. Tanto é que o país
enfrenta o aumento exponencial de doenças do trabalho como Ler/Dort e também de
acidentes.

Ainda sobre a intensidade: o
banco de horas, introduzido no país em 1998, no governo neoliberal de FHC, gera
uma alta concentração de trabalho em determinado período, para flexibilizar no
período seguinte, de acordo com a demanda. O banco de horas foi uma forma de o
empresariado comprar trabalho extra sem precisar remunerá-lo, com a jornada a
mais compensada apenas com folga.

Limite já ultrapassado

A jornada de trabalho, em muitos
locais, já é levada para um limite bem acima das 44 horas expressas na
Constituição. É um círculo vicioso, porque os trabalhadores buscam as horas
extras como forma de compensar os baixos salários. A Organização Internacional
do Trabalho classifica como insalubre as jornadas que excedam as 48 horas
semanais.

As redes sociais não perdoaram a
sinalização da CNI. As centrais sindicais, por sua vez, reafirmaram o projeto
congelado no Congresso, desde 1995, que estipula a jornada de 40 horas
semanais. Cálculo do Dieese aponta que reduzir a jornada de trabalho é gerar
mais empregos. Mas o governo Temer, com suas medidas contrárias aos trabalhadores,
quer levar o país para um outro rumo.