A Secretaria de Recursos Humanos de Curitiba reuniu os sindicatos municipais para discutir o reajuste salarial da categoria. A reunião, que teve início na segunda-feira (14), deve continuar na tarde de hoje (15). Ao Sismuc, Sismmac, Afisc Sindical e Sigmuc, a gestão Fruet apresentou proposta de reajuste 10,36%, em duas parcelas divididas entre abril e setembro. As entidades sindicais consideram o valor insuficiente, uma vez que ele é determinado pela inflação segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). No entanto, os trabalhadores reivindicam reajuste com aumento real, o que se adequa à realidade, devido, entre outros fatores, à alta inflação de Curitiba. O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) no último ano chegou a 12,86%.
A proposta do governo municipal é considerada indecente pelos sindicatos. A coordenadora geral do Sismuc, Irene Rodrigues, comenta que na hora de reajustar impostos, Fruet não poupou os curitibanos. “A Prefeitura não hesitou em aplicar o reajuste do IPTU em índice da inflação mais quatro por cento de aumento real. A pauta é que se aplique o mesmo critério na valorização dos servidores”, defende Irene Rodrigues.
O Sismmac (Magistério de Curitiba) também questiona o cenário de crise apontado pelos gestores municipais para conceder reajuste abaixo da inflação e parcelado. “A Prefeitura apresentou todo um cenário de dificuldade econômica para repassar a conta da crise para os trabalhadores e isso nós não podemos aceitar. A nossa briga não é apenas pela reposição da inflação mais alta, é por aumento real e valorização profissional”, escreve o Sismmac em nota.
Limite prudencial
Um dos motivos alegados pela Prefeitura de Curitiba para a desvalorização salarial dos servidores municipais é a queda dos convênios com os governos federal e estadual. Contudo, o salário dos servidores municipais não está vinculado a esses repasses. De acordo com dados da Secretaria de Finanças, a Receita Liquida Corrente de 2015 ficou em R$ 6,2 bilhões. Isso representa, em gastos com pessoal, 44,1%. A LRF determina que o governo pode gastar até 51,30% no limite prudencial e até 54% no máximo de gastos, dando uma margem de 7% de reivindicação para os municipais.
Dinheiro para empresas
Em prestação de contas na Câmara Municipal de Curitiba, em fevereiro, a secretária de finanças Eleonora Fruet enfatizou que uma das principais despesas da cidade é com transporte coletivo, alvo de polêmica com as greves e constantes reajustes de preços aos usuários. Segundo a secretária de finanças, em 2015, foram repassadas às empresas R$ 721 milhões.
Outro grupo que tem suas dívidas honradas são os credores da Prefeitura de Curitiba. De acordo com o Sismuc, quase R$ 1 bilhão do caixa de Curitiba vem de 100 fornecedoras, prestadoras de serviço e entidades. A primeira da lista é a Cavo, que foi comprada em 2011 pela Estre Ambiental e que hoje administra a coleta do lixo em Curitiba. Também entram na segunda e terceira posições no ranking, respectivamente, o Instituto Curitiba de Informática (ICI) e a Risotolândia. Criado por Cássio Taniguchi, o ex-prefeito que foi condenado por improbidade administrativa, o ICI já figurou até na campanha eleitoral de Gustavo Fruet, que jurou que “abriria a caixa preta” do instituto. A lista dos 100 maiores credores da Prefeitura ainda inclui quatro empresas de Publicidade. Em trigésimo quarto lugar, aparece a Opusmúltipla Comunicação Integrada S/A. As posições nº 58, 69 e 78 pertencem, respectivamente à CCZ Publicidade e Marketing, à Master Publicidade e, curiosamente, à outra figura jurídica da CCZ.