Sete anos depois de assassinada e largada dentro de uma mala
na rodoferroviária de Curitiba, o caso da menina Rachel Genofre continua sem
solução. Após uma série de investigações insuficientes, a família ainda convive
com a dor da perda de uma criança e também com a impunidade.
Esta situação é o ponto de partida para uma mobilização organizada
pelos movimentos feministas do Paraná, na quinta-feira (5), às 18h, na
Rodoferroviária de Curitiba. Antes, acontecerá uma concentração às 16h na Praça
Rui Barbosa, seguida de uma caminhada até o local do ato.
Maria Cristina Lobo Oliveira, mãe da vítima, afirmou que tem
recebido solidariedade de entidades, pessoas e movimentos sociais. Para ela, é necessário a revelação dos culpados, ao lado de políticas
públicas de proteção às crianças e mulheres.
“Desde o início, sempre trabalhamos fazendo atos e chamando a
atenção. Dessa forma, a gente consegue que os governantes parem e olhem para
nós. Fazer sozinha é mais difícil”, afirma à Imprensa do Sismuc.
Por justiça, políticas
públicas e recursos para investigações
Entidades de defesa dos direitos humanos, movimentos sociais e familiares de
vítimas da violência contra a mulher já confirmaram presença. A mãe e a tia da
jovem Rachel estarão presentes no local do ato. A principal exigência de
Maria Cristina, mãe da criança, é por políticas públicas e por maior recurso
para investigações de casos como este.
Ela explica que o Estado sinalizou apenas indenização
financeira. “Nós entramos com um processo contra o Estado devido às falhas
horríveis que aconteceram no início da investigação. Pedimos proteção para pessoas,
mulheres e meninas, mas foi negado. E eles colocam como se o dinheiro fosse
resolver alguma coisa. É triste verificar que entramos em um processo, exigindo
do Estado o que ele deveria conceder, e ele nega”, critica.
Maria Cristina finaliza afirmando que a amplitude da sua luta
se deve ao exemplo que ela busca na própria filha: “A minha filha desde pequena
queria um mundo que não fosse tão desigual desta forma, sempre lutando pelo
próximo. Era muito dela isso também, assim que vêm as ideias”, afirma.
Violências contra a mulher e meninas
Uma pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo, ainda em 2001, revelou que 43% das mulheres brasileiras reconhecem ter sofrido algum tipo de violência. Deste total, 33% relatam terem sido vítimas de violência física, 27% de violência psíquica, 11% de assédio sexual e 11% também teriam sido espancadas.
“Há um sentimento crescente de impunidade no que diz respeito aos crimes contra as mulheres. O caso de Rachel é emblemático e este ato é por ela, mas também por todas as mulheres e meninas que foram mortas, que sofreram algum tipo de violência e ainda precisam conviver com a impunidade”, explica a secretária da mulher da CUT Paraná, Anacélie Azevedo.
Outro estudo, publicado pelo Instituto Sangari em 2012, coloca o Paraná como terceiro estado do País com maior número de assassinato de mulheres. Piraquara, município da região metropolitana de Curitiba, é o segundo no ranking nacional de assassinato de mulheres. “Enquanto isso, não estamos vendo nenhuma política pública efetiva para combater a violência, seja de forma preventiva ou de maneira a investigar e punir os criminosos”, completa Anacélie. De acordo com ela, o Paraná vivencia uma ausência absoluta do Estado nestas questões.
“Faltam delegacias para o atendimento especializado, nas escolas o tema não é tratado da forma como deveria e quando o recurso é disponibilizado, como no caso de duas unidades móveis entregues pelo Governo Federal em março de 2014 para o Governo do Paraná, elas ainda ficam paradas sem uso. Isso enquanto centenas de mulheres precisam deste atendimento”, relata Anacélie.
A CUT e outros movimentos sociais já denunciaram a situação ao Governo do Estado, ao Ministério Público e a outros órgãos, como o Conselho Estadual da Mulher. Todavia, até o momento, a situação continua inalterada.
Serviço
Ato público pelo fim da violência contra as mulheres e meninas
Data: Quinta-feira, 05 de novembro de 2015
Horário: Concentração às 16h e ato às 18h
Local: Concentração na Praça Rui Barbosa e ato Rodoferroviária de Curitiba, Av. Presidente Affonso Camargo, 330.