Movimento sindical perde Vito Gianotti

O movimento sindical perdeu o
diretor do Núcleo de Piratininga de Comunicação (NPC) e grande lutador da
comunicação popular, Vito Giannoti. Ele faleceu no Rio de Janeiro, dia 24 de
julho, aos 72 anos. Foi velado no domingo, 26 de julho, no Sindicato dos
Petroleiros (Sindipetro), logo no dia da rebeldia cubana, como não podia deixar
de ser.

Nascido em Lucca, na Itália,
veio para o Brasil em 1964 e aqui construiu parte importante da sua história.
Foi um apaixonado pela comunicação e pela história de lutas dos trabalhadores,
mantendo-se fiel a eles até o seu último dia. Dentre as suas muitas atividades,
ele foi militante na Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo e criou o
Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC) junto com sua companheira de vida,
Claudia Santiago. Nesses pouco mais de 20 anos, o NPC exerceu um papel
importantíssimo no campo da comunicação contra-hegemônica, incentivando a
criação de sites, jornais, boletins, TVs, rádios, blogs pelo Brasil afora.

Obstinado, Vito deixa mais de
duas dezenas de livros. Fundou um centro de estudos, de memória, de debates, de
produção e troca de conhecimento. Para Paulo Dinizetti de Souza, da Rede Brasil
Atual, é uma grande perda para o movimento sindical: “Ele era crítico ácido de
sindicatos e movimentos que desprezam a necessidade de produzir comunicação de
qualidade com a sociedade – com linguagem respeitosa e clara, com elegância,
com profissionalismo. E mesmo quando chutava o balde ao desferir crítica a um
jornal malfeito, o fazia com o objetivo nítido de construir, de impelir as
esquerdas e movimentos”.

Outro comunicador importante que
lamentou a morte de Vito foi Renato Rovai, da Revista Forum. Ele lembra da
influência de Vito na comunicação contra hegemônica: “O fato é que hoje, muitos
dos que estão na luta buscando democratizá-la, beberam da água que você tratou.
Ou porque passaram pelos encontros do Núcleo Piratininga de Comunicação ou
porque passaram a pensar diferente ao te ouvirem em uma das milhares de
palestras e cursos que você deu por esse país afora”.

Breno Altman, diretor editorial
do site Opera Mundi, também lamentou a morte do italiano que adora um palavrão.
“Vito sempre será exemplo, para as
atuais e as futuras gerações. Um homem sem papas na língua, um bravo da luta de
classes, um educador inigualável, um coração do tamanho de seu vozeirão. Morreu
um camarada, um irmão inesquecível. A tristeza só não é maior que as lembranças
do tanto que este tremendo italiano fez pelo bom combate, comenta.

Vito e o Sismuc

O Sismuc também lamenta a morte
de Vito Gianotti. Anualmente, diretores do sindicato e jornalistas da entidade
participavam dos cursos promovidos pelo NPC. As mudanças na aparência e
conteúdo do Jornal do Sismuc tem forte influência de Vito. Assim como os
jornais Mobilização e Curitiba de Verdadeforam inspirados
nas ideias de Vito de disputar mentes e corações dos trabalhadores. Além de escrever a apresentação do livro “Crônicas
dos Excluídos”, junto com o sindicato, produzia anualmente agenda-livro que
ajudava na informação e formação sindical dos trabalhadores.