Às seis da manhã de hoje (24), os cinco portões da refinaria
presidente Getúlio Vargas (Repar) e a entrada da Fábrica de Fertilizantes
Nitrogenados (Fafen), foram bloqueados por trabalhadores petroleiros,
petroquímicos e manifestantes, no protesto nacional puxado pela Federação Única
dos Petroleiros (FUP), no mesmo dia de negociação com o conselho de
administração da Petrobrás.
Os piquetes haviam sido montados na noite anterior,
preparando um dia completo de paralisação. Quem acompanhava algum dos bloqueios
observava um baixo número de operários exigindo a entrada, mas já avisados de que havia um contingente para manutenção nas empresas. Os sindicatos informaram que
mais de 90% dos trabalhadores aderiram à paralisação.
Pauta evita questões corporativas
A pauta em jogo não é típica de campanha salarial. Na
plenária realizada de 1 a 5 de julho, a Federação Única dos Petroleiros havia definido a chamada pauta
política para evitar o desinvestimento na empresa estatal. Os petroleiros
associam a tentativa de desaceleração da Petrobrás com o que já ocorreu
nos anos 1990.
“O desinvestimento trouxe a precarização nos anos 90, o que causou os
grandes acidentes ambientais no país, no rio Iguaçu, baía de Guanabara,
acidentes na plataforma P36, quando perdemos onze companheiros nossos mortos. A Petrobrás vinha num crescente de desenvolvimento e agora a proposta é apequenar
a empresa”, protesta Mário Dal Zot, presidente do Sindipetro PRSC.
O outro ponto do protesto se refere ao Projeto de Lei do
Senado, elaborado pelo senador José Serra (PSDB), que revisa a Lei da Partilha
(12351/2010). A FUP exigiu num
posicionamento público da Petrobrás sobre a capacidade de exploração no pré-sal
a partir dessa lei. “A Federação ressaltou que a omissão da empresa sobre esta
questão se contradiz ao Plano de Negócios e Gestão da companhia para 2015/2019,
que apresenta diversas metas de produção e tem como prioridade explorar o
pré-sal”, informa notícia da FUP.
A FUP exige também a reposição do quadro de funcionários em
igual número ao de demissões. E a continuidade de obras como a refinaria Abreu
e Lima, em Pernambuco, o complexo petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e a
unidade de fertilizantes nitrogenados III (Fafen-MS). De acordo com a pauta, as
obras devem ter início até dezembro de 2015.
“A categoria entendeu que seria oportuno a gente fazer a
defesa da Petrobrás, enquanto projeto de nação. Deixamos de lado a pauta
econômica, com alguns benefícios, e estamos nos dedicando à pauta de defesa da
Petrobrás”, afirma Paulo Antunes, diretor do Sindiquímica-PR, que organiza os trabalhadores
da Fafen.
Solidariedade
Em cada piquete nas entradas das unidades não se viam apenas
petroleiros e petroquímicos. Professores, militantes, o movimento estudantil e
popular, ao lado de outros sindicatos, compareceram em solidariedade à greve, quando ainda era escuro e neblina em Araucária.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) entende é
central no momento político a pauta da soberania nacional e do controle da
exploração das reservas do pré-sal. “Esse é o debate mais importante nesta
conjuntura. Não podemos permitir que deixem a chance de realização para melhor
do povo brasileiro nas mãos de empresas internacionais”, afirma Robson Formica,
do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).