O insucesso da prefeitura de Curitiba em diferenciar o preço
da passagem paga com cartão-transporte mostra que a massificação do uso do meio
eletrônico de pagamento chegou a um impasse. Pela interpretação dos argumentos
trazidos pelo Ministério Público para derrubar a medida, nem mesmo um desconto
pela compra antecipada de uma grande quantidade de passagens seria possível,
pois há a consideração de que o serviço prestado continua sendo o mesmo: uma
viagem de ônibus. E que o valor cobrado não pode ser diferente apenas por causa
da forma de pagamento.
Mas a prefeitura pode começar a considerar uma mudança
profunda no sistema. Um modelo, já aplicado em várias cidades do mundo, deixa
em segundo plano o pagamento por meio eletrônico. A integração temporal, presente,
por exemplo, nos sistemas de São Paulo e Rio, é feita mediante o uso do cartão.
Com ele, no caso do modelo paulista, o passageiro pode pegar até quatro ônibus
diferentes com o pagamento de uma passagem. Além disso, o chamado bilhete único
dá desconto a quem faz integração com os sistemas de metrô ou trem. Em uma
atualização recente, o cartão paulistano passou a aceitar a venda de passagens
válidas por períodos maiores: dia, semana e mês.
Um dos principais benefícios da integração por tempo é dar
mais liberdade ao usuário para escolher a forma como quer chegar ao seu
destino. Além de diminuir a importância dos caros terminais de ônibus, que
podem até continuar existindo, mas não precisarão mais de fiscalização para
impedir a entrada de usuários pula-catraca.
Se a integração por terminais criada para Curitiba foi
extremamente útil, é hora de reconhecer que está ultrapassada. Cabe à
prefeitura dar os passos para modernizar o sistema, com o objetivo de fazer a
cidade recuperar o título de capital com transporte público modelo.