Educadores param por melhores condições de trabalho

30% dos educadores dos centros infantis de todas regionais participam de paralisação de 50 minutos.

Afastamento por problemas de saúde, salas de aula superlotadas e exposição das crianças a riscos. Esses motivos levaram os educadores da rede municipal de Curitiba a fazerem paralisação de 50 minutos hoje. O movimento atingiu oito regionais e contou com adesão de 30% dos educadores.  O intuito não era fechar os cmei’s, mas fazer uma paralisação pedagógica, em que os trabalhadores informavam a população sobre as inadequadas condições de trabalho.

Com a paralisação, foi constatado que a falta de profissionais nos cmeis é muito grande. A educadora Graziela Queiroz, representante por local de trabalho no cmei Moradias Olinda faz um relato da situação: “Falta funcionário e a gente acaba ficando sobrecarregada. A hora permanência não ocorre e muitos, para não deixar o colega na mão, acabam vindo trabalhar mesmo estando doente. Tem funcionário trabalhando mesmo tomando antidepressivo e fazendo tratamento”, diz.  Neste cmei os educadores paralisaram as atividades por 50 minutos e concentraram-se em frente o local com apitos e faixas em protesto a atual situação. Eles também dialogaram com os pais de alunos.

Não é de hoje que a falta de profissionais é relatada à secretaria de educação.  Os educadores do cmei Bracatinga, por exemplo, já se reuniram com a direção da escola, com o núcleo Boa Vista e com a secretaria de educação para expor a falta de profissionais e o risco que as crianças correm.  Recentemente um  cheiro forte de gás tem incomodado a todos. Segundo os educadores, o núcleo do Boa Vista alega que o problema não é dentro do cmei e não pode fazer nada. "Mas as crianças têm reclamado de dor de cabeça e pais já nos relataram casos de sangramento pelo nariz", se preocupa a educadora Priscila Lourenco.  

Tapa-Buraco
A paralisação de hoje foi o primeiro ato coletivo dos cmei’s desde a greve de 2007. Os educadores aguardam posicionamento da prefeitura e caso nada seja feito, a paralisação de um dia pode evoluir para paralisação geral.

Principalmente porque um dos fatos que causa estranheza na categoria é de que a prefeitura deslocou pedagogos e outros profissionais como agentes administrativos para os cmei’s onde estava confirmada a paralisação. 

O diretor de organização de base do Sismuc Juliano Soares, afirma que a medida representa um risco para as crianças. “O profissional de referência não estava na sala, isso é ruim. Além disso, o atendimento às crianças deveria ser norma e não apenas em momentos de paralisação para tapar buracos”, questiona.

Sem punições
Os diretores e os núcleos de educação não podem punir os servidores que participaram da paralisação. Redução de pontos em avaliações de desempenho ou no estágio probatório não estão permitidos e configuram prática antissindical. Caso isto ocorra, o sindicato deverá ser informado imediatamente. A única consequência permitida é o desconto dos minutos parados, que deve ser algo próximo de R$ 8, segundo cálculo dos diretores do Sismuc.