Beto Richa entre escolhas políticas e corrupção

O
governador Beto Richa começou o seu segundo mandato obcecado por adotar as mais
severas medidas de cortes de programas sociais, direitos dos servidores e
aumento dos impostos, em nome de uma crise financeira do Estado.

Em
poucos meses, vivenciamos um “tarifaço” no IPVA dos automóveis e no ICMS de
produtos do nosso consumo diário, como gasolina, arroz, carnes, feijão, frutas,
leite, ovo e pães. Ao mesmo tempo, o governo tentou passar à força na
Assembléia Legislativa o corte de direitos dos servidores e a autorização para
usar o recurso da previdência dos trabalhadores, cerca de R$ 8 bilhões, para
cobrir um déficit do Estado, colocando em questão o futuro de milhares de
famílias.

Se não
parece o bastante, o governador ainda declarou à imprensa que “o melhor está
por vir”, indicando que novas medidas drásticas contra o povo serão tomadas.

Mas
será que existe mesmo essa crise financeira no Paraná?

Beto
Richa não comprova a existência da crise, apesar de afirmar que há um minucioso
relatório que apontaria as dificuldades financeiras do Paraná. No entanto,
mesmo parecendo piada, o líder do governo na Assembleia Legislativa, o deputado
Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), veio a público no início do mês para declarar
que o governo não encontrou o tal documento.

Um
verdadeiro escánio com a população.

Na
verdade, o governo Richa quer simplesmente que os paranaenses acreditem
piamente na história de que o Estado está quebrado e aceitem passivamente as
medidas amargas de um ajuste fiscal que penaliza a maioria do povo, uma vez que
atinge em cheio os servidores e os serviços públicos, além de impostos e
tarifas públicas.

Para
justificar que cada um teria que fazer sua cota de sacrifício, o governador
anunciou em janeiro, na semana seguinte ao aumento do seu salário de R$ 29,4
mil para R$ 33,7 mil, que abdicaria de seus vencimentos no primeiro mês do ano,
para “reforçar as medidas de austeridade que estão sendo adotadas para o ajuste
fiscal”. É evidente que este discurso de que os sacrifícios do ajuste fiscal
serão divididos entre todos não cola. Basta ver que as empresas de pedágio, os
acionistas privados da SANEPAR e COPEL, os rentistas da dívida pública, os
apaniguados do judiciário e os privilégios dos próprios deputados estaduais
estão aí para mostrar o contrário.

Se o
Estado do Paraná, mesmo com recorde de arrecadação, quebrou do dia para a noite
e não tem mais dinheiro para as escolas, as universidades, os serviços
públicos, os salários do funcionalismo, é preciso se perguntar: quem então, de
fato, estaria abocanhando o dinheiro dos contribuintes? E de que forma?

Parte
dessa resposta foi dada pelo GAECO nas últimas semanas: junto com um esquema de
exploração sexual de crianças e adolescentes comandado pelo assessor direto do
governador, Marcelo Caramori, que recebia R$ 6,3 mil reais de salário do
gabinete de Richa e trabalhava em Londrina atendendo autoridades, empresários e
celebridades, foi desmontada uma imensa quadrilha que operava a sonegação de
impostos na Receita Estadual, em um esquema de desvios que podem chegar a mais
de R$ 500 milhões (cinco vezes o valor atribuido ao mensalão).

O
GAECO aponta como sendo o chefe da quadrilha nada mais nada menos que o primo
íntimo do governador, o lobista Luiz Abi Antoun, que teria indicado pessoas de
sua confiança para ocupar cargos no primeiro escalão do governo Richa, na
Receita Estadual, na Secretaria de Administração, na Copel, Sanepar, Celepar e
Sercomtel – onde sua esposa é vice-presidente. Dentro da Receita, conforme o
Gaeco, quem dirigia o esquema de corrupção era Márcio Albuquerque Lima,
parceiro de Beto Richa em corridas de automobilismo.

O
governador afirma que nada sabia. O irônico é que o próprio Beto Richa, no
debate eleitoral de 2014, dizia que era um absurdo a Presidente Dilma alegar
que não sabia o que ocorria na Petrobrás. Agora, parece que seu discurso o
condena.

Dinheiro há. Porém, está sendo drenado para os grandes
empresários e rentistas, por vias legais ou não, que querem deixar a fatura
para ser paga pelo povo. Os professores deram a resposta com uma forte
mobilização e somente a luta popular pode resistir aos planos do governo Richa