Levantamento coordenado pelo Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região, com o apoio do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região apresentou dados que destacam um aumento de 56,89% de ataques a bancos em 2012, o que corresponde a 2.530 ocorrências em todo país, uma média assustadora de 6,92 por dia.
Aconteceram 773 assaltos (inclusive com sequestro de bancários e vigilantes), consumados ou não, o que representou um aumento de 18,22% em relação ao ano anterior. E foram apurados 1.757 arrombamentos de agências, postos de atendimento e caixas eletrônicos, um crescimento estrondoso de 83,21%. Em 2011, foram registrados 1.612 ataques, sendo 653 assaltos e 959 arrombamentos.
Os números são da 4ª Pesquisa Nacional de Ataques a Bancos, elaborada pela Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV) e Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), com apoio técnico do Dieese, a partir de notícias da imprensa, estatísticas de Secretarias de Segurança Pública (SSP) e dados de sindicatos e federações de vigilantes e bancários de todo país.
São Paulo é o estado que lidera o ranking, com 492 ataques. Em segundo lugar aparece Minas Gerais, com 301, em terceiro Paraná, com 214, em quarto Bahia, com 210, e em quinto Mato Grosso, com 185.
Já a região Sudeste, onde se encontra a maioria das agências, registrou o maior número de ações criminosas contra bancos, com 877 ocorrências, o que representa 35% do total de 2.530 ataques. Em seguida aparecem as regiões Nordeste, com 650 (26%); Sul, com 519 (20%); Centro-Oeste, com 350 (14%); e Norte, com 134 (5%).
"Esses dados são alarmantes e serão levados para o debate com os bancos, as empresas de segurança e a sociedade, bem como para a construção do projeto de lei de estatuto de segurança privada, que se encontra em andamento no Ministério da Justiça, a fim de atualizar a lei federal nº 7.102/83 que está completando 30 anos e se encontra defasada", destaca o presidente da CNTV, José Boaventura Santos.
Conforme estudo feito pelo Dieese, com base nos balanços publicados em 2012, os seis maiores bancos lucraram R$ 51,3 bilhões e aplicaram R$ 3,1 bilhões em despesas com segurança e vigilância, o que representa uma média de 6,1% na comparação entre os lucros e os gastos com segurança.
"Esses dados dos balanços são bem inferiores aos números que os bancos divulgam na grande mídia, mas sem nenhuma transparência nem qualquer detalhamento. Os bancos dizem que estão preocupados com a segurança, mas gastam muito pouco diante de seus lucros gigantescos", salienta Otávio Dias, presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba.
A Caixa Econômica Federal foi a instituição que mais investiu em segurança em 2012 em relação ao lucro, atingindo 11,3%. Já o Itaú Unibanco, apesar de ter obtido o maior lucro do sistema financeiro, foi o que menos investiu no período na mesma comparação, com apenas 3,6%.
“Os bancos têm que parar de olhar as despesas de segurança e vigilância como custos, mas sim como investimentos que precisam ser aumentados. A vida das pessoas tem que ser colocada em primeiro lugar, pois é o patrimônio mais valioso que existe na face da terra", aponta Boaventura.
Em 2012, a PF multou 13 bancos em R$ 3,557 milhões por descumprimento da lei federal nº 7.102/83 e normas de segurança. Dentre as principais irregularidades destacaram-se o número insuficiente de vigilantes, planos de segurança não renovados, alarmes inoperantes, inauguração de agências sem aprovação de plano de segurança, uso de bancários para transportar numerário, falta de coletes balísticos para vigilantes e cerceamento da fiscalização de policiais federais.
O campeão disparado de multas em 2012 foi o Bradesco, com R$ 1,240 milhão. O valor é quase o dobro do vice-campeão, o Banco do Brasil, com R$ 730,2 mil. Em seguida vêm o Itaú, com R$ 593,4 mil, o Santander com R$ 446,6 mil, a Caixa Econômica Federal com R$ 175,9 mil e o HSBC com R$ 170,7 mil.
Propostas dos vigilantes e bancários
– Porta giratória com detector de metais antes da sala de autoatendimento com recuo em relação à calçada onde deve ser colocado um guarda-volumes com espaços chaveados e individualizados;
– Vidros blindados nas fachadas;
– Câmeras de vídeo em todos os espaços de circulação de clientes, bem como nas calçadas e áreas de estacionamento, com monitoramento em tempo real e com imagens de boa qualidade para auxiliar a polícia na identificação de suspeitos;
– Biombos ou tapumes entre a fila de espera e a bateria de caixas, com o reposicionamento do vigilante para observar também esse espaço junto com a colocação de uma câmera de vídeo, o que elimina o risco do chamado ponto cego;
– Divisórias individualizadas entre os caixas, inclusive os eletrônicos;
– Ampliação do número de vigilantes visando garantir o cumprimento integral da lei 7.102/83 durante todo horário de funcionamento das agências e postos de atendimento;
– Fim da guarda das chaves de cofres e das unidades por bancários e vigilantes, ficando as chaves na sede das empresas de segurança;
– Proibição do transporte de valores por bancários; operações de embarque e desembarque de carros fortes somente em locais exclusivos e seguros; e fim do manuseio e contagem de numerário por vigilantes no abastecimento de caixas eletrônicos;
– Atendimento médico e psicológico para trabalhadores e clientes vítimas de assaltos, sequestros e extorsões;
– Escudos e assentos no interior das agências e postos de atendimento para os vigilantes;
– Instalação de caixas eletrônicos somente em locais seguros;
– Maior controle e fiscalização do Exército no transporte, armazenagem e comércio de explosivos.