De forma inconsequente, vereadores defendem volta às aulas sem vacina

Vereadores e convidados –muitos dos quais não representam nenhuma entidade –
que desconhecem a realidade das unidades escolares municipais de Curitiba
participaram de audiência pública nesta sexta-feira (7) para defender, de forma
totalmente inconsequente e irresponsável, a volta às aulas presenciais.


Diretores do SISMUC e do SISMMAC também participaram do
encontro, mantendo a postura firme em defesa da vida, que vem sendo defendida
pelos servidores e pelos sindicatos.

Só podemos pensar na volta às aulas presenciais quando os
trabalhadores da educação estiverem vacinados, as taxas de transmissão
estiverem controladas e CMEIs e escolas tiverem condições de estrutura para
garantir os protocolos sanitários necessários! Hoje, Curitiba não tem nenhuma
dessas três condições.

É claro que os servidores da educação desejam voltar para os
seus locais de trabalho, mas não podem aceitar que isso ocorra sem segurança. A
volta às aulas de forma prematura, antes de vencermos a pandemia é uma atitude
irresponsável, como já mostrou a tentativafrustrada da gestão Greca no início do ano letivo.
Foram ao menos 12 unidades com surto de Covid-19, 115 trabalhadores infectados
e 64 unidades com casos. E os problemas foram inúmeros: falta de água durante
um dia todo para higienização, criança que frequentou as aulas com Covid-19sem informar a escola,
distribuição de álcool em gel abaixo de 70% para higienização, falta de
testagem em massa para os trabalhadores, entre outros.

Encher escolas e CMEIs com a pandemia fora de controle e sem vacina é assumir um
risco que pode custar caro. Pode custar muitas vidas perdidas! E quem vai se
responsabilizar por essas mortes que podem ser evitadas?
Serão as mesmas
pessoas que fazem discursos vazios em um encontro virtual sem conhecer de perto
a realidade no chão de escolas
e CMEIs?

Durante a audiência, houve ainda argumentos absurdos que
tentaram responsabilizar os trabalhadores da educação pelos riscos de contágio,
como se professores e demais servidores fossem os responsáveis por levar o
vírus para a escola. E mais, que não haveria problema em um contato próximo do
professor com o aluno se o professor utilizar EPIs. Um completo absurdo!
Primeiro que o uso de equipamentos de proteção, como a máscara, não elimina a
necessidade de distanciamento social e de outras medidas relevantes como a
ventilação adequada dos ambientes. Além disso, basta olhar para setores como a
FAS, que tem atendimento direto à população, trabalhando somente com máscaras
de tecido para saber de pronto que a Prefeitura de Curitiba não fornece os EPIs
que oferecem a proteção mais adequada aos trabalhadores.

Com
iniciativa da vereadora Amália Tortato (Novo), foi um encontro bastante
tendencioso. A maioria dos representantes foi convidado por já ter um
posicionamento prévio de voltar às aulas presenciais, custe o que custar.

Um exemplo é o Ministério Público do Trabalho (MPT) que tem
acompanhado de perto a pauta e tem recomendação contrária ao retorno
presencial, mas não foi convidado para participar.
O MPT também tem uma ação
civil pública contra o retorno das aulas enquanto não forem vacinados todos os
profissionais da educação, proposta com base nas denúncias levadas ao órgão
pelos sindicatos.

Todos aqueles que usam esse espaço de debate para defender
argumentos que colocam vidas em risco precisam ser responsabilizados pelas
mortes que essa atitude pode vir a causar. Será que os vereadores e representantes de entidades que
fazem a defesa pelo retorno neste momento estão preparados para carregar a
responsabilidade pelas vidas perdidas? Diante de tantos absurdos, os servidores e as servidoras
municipais não calaram sua voz e demonstraram sua indignação no chat da
transmissão ao vivo.

A manutenção do ensino remoto na rede municipal de Curitiba
enquanto a vacina não chega para todos os trabalhadores da educação é a postura
defendida fortemente por servidores e sindicatos porque colocamos a vida em
primeiro lugar. Unidos somos fortes!

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