Fala, servidor: sem rodízio, sem EPIs e amontoados em kombis, servidores da FAS são deixados de lado

Enquanto o
desprefeito Greca usa as redes sociais para transformar Curitiba na
lenda da cidade modelo, na vida real a verdade é bem outra. Sob o
seu desgoverno,
as políticas públicas foram
praticamente abandonadas, e para a parte da população que mais
precisa delas só restam as consequências do retrocesso e do
descaso.

O enfraquecimento
da Fundação de Ação Social (FAS)
é um dos principais
símbolos desse desmonte. Se em tempos normais a rotina das equipes
que trabalham 
com pessoas em situação de vulnerabilidade
social já é difícil, limitada principalmente pela falta de
recursos e de profissionais, com a pandemia do novo coronavírus os
desafios ficaram ainda maiores
. Há quem tenha que trabalhar
amontoado com outros colegas em uma kombi
.

Denúncias quase que
diárias revelam um total desprezo com trabalhadores, que precisam se
expor ao perigo constante, já que os usuários dos serviços da FAS
estão à margem das políticas de prevenção.
Basta lembrar que
o próprio Greca já disse ter nojo de pobre!

A falta de EPIs e de medidas seguras de prevenção, quatro
meses após o início da pandemia na capital, ainda faz parte dos
problemas com os quais os servidores da FAS têm que lidar. O descaso
já denunciado pelo SISMUC até mesmo em audiência com o
Ministério
Público do Trabalho
! Mas, ainda assim, a pergunta que fica é:
até quando teremos que cobrar por direitos básicos e por respeito
nessa realidade que Greca divulga como perfeita?

Sem rodízio, sem
segurança, sem nada

É fato que um
conjunto de medidas bem pensadas executadas pode frear a disseminação
do novo coronavírus. Replanejar ambientes, eliminar aglomerações e
evitar ao máximo o contato entre pessoas nos locais de trabalho –
quando a atividade presencial é essencial – são práticas
defendidas por todos os especialistas de bom senso.

No entanto, tudo
isso está distante para muitos dos servidores da FAS. Ao contrário
do que já ocorre em outros setores, a
Unidade de Acolhimento
Institucional (UAI) Boqueirão
continua funcionando em escala
normal. Com isso, os
trabalhadores permanecem em contato o tempo
todo, até mesmo com colegas que já testaram positivo para a
Covid-19
.

O rodízio de
trabalhadores deveria ter sido pensado para ontem, pois é uma forma
de evitar a disseminação do vírus.
Inclusive porque testes
entre funcionários da FAS são raridade!
Segundo denúncias,
muitos servidores ainda nem foram testados, o que aumenta a chance de
que pessoas contaminadas e assintomáticas sigam trabalhando
normalmente – contagiando outros colegas e os próprios usuários
que, não podemos esquecer, passam a maior parte do tempo nas ruas.

No setor de
manutenção dos abrigos e instalações da Fundação, as
reclamações também mostram a realidade distorcida. De acordo com
Igor (nome fictício usado para preservar o anonimato da denúncia),
servidores da área continuam a trabalhar amontoados dentro das
kombis
e não foram poucas as vezes em que foi dividir o
espaço pequeno do veículo com colegas que, depois, acabaram
confirmando a contaminação
.

Mas colocar isso na
cabeça de um desgoverno que não distribui nem os EPIs adequados é
difícil. Ainda de acordo com o servidor Igor,
há equipes dentro
da FAS que até hoje trabalham sem os acessórios mínimos de
segurança
! Isso em meio a uma explosão de caso nas unidades da
FAS. Há duas semanas, o Centro POP Plínio Tourinho ficou quase uma
semana fechado porque três usuários tiveram o novo coronavírus.

Essa é a verdade
que a gestão Greca esconde para dizer que está tudo bem e ampliar o
horário de atendimento do comércio de rua, bares, restaurantes e
liberar o funcionamento de academias – quando, na verdade, o que a
saúde da cidade precisa é de um lockdown.

O descaso é tanto
que nossa luta não pode dar trégua! É preciso fazer com que todos
enxerguem o que realmente acontece por dentro dos muros da cidade
desencantada. E se a gestão de Curitiba for servir de algum modelo,
que seja o do que não se deve fazer!

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