As
denúncias de total negligência do desgoverno Greca com a saúde dos
servidores e, consequentemente, com a saúde pública em geral não
param de crescer – assim como os números da pandemia do novo
coronavírus em Curitiba. Na Unidade de Saúde (US) Moradias da
Ordem, no bairro Tatuquara, a contaminação por Covid-19 já afastou
metade dos funcionários, todos testados positivos para a doença.
Ainda assim, em mais uma amostra de desdém da gestão, trabalhadores
com suspeita seguem na linha de frente, contrariando protocolos e
expondo mais colegas e a própria comunidade ao perigo.
A
servidora Verônica (nome fictício usado para preservar o anonimato
da denúncia) já considera a situação na unidade como
descontrolada. E embora a expectativa fosse que a prefeitura tomasse
medidas eficientes e até mesmo mais drásticas para frear a cadeia
de contaminação, inclusive com a suspensão temporária dos
atendimentos na unidade, nada foi feito até agora!
Sem
surpresas, a postura apenas reforça a irresponsabilidade da
Prefeitura diante da grave situação, que condena a saúde dos
trabalhadores e de quem precisa dos serviços da unidade.
Efeito
dominó
As
denúncias que chegaram ao SISMUC relatam que os casos na US Moradias
da Ordem começaram a se avolumar depois que uma enfermeira com
sintomas do Covid-19 continuou trabalhando até ter em mãos o
resultado do exame, que deu positivo. Com não poderia ser diferente,
a manutenção da servidora no quadro de plantão, que contraria
totalmente o protocolo de manejo clínico do coronavírus, o qual
estabelece o afastamento imediato dos funcionários suspeitos,
provocou um efeito dominó.
Sem
o isolamento necessário, outros profissionais foram contaminados.
Agora são 9 profissionais afastados – praticamente metade do total
de servidores do local. Além disso, a unidade ficou sem enfermeiras
porque todas foram infectadas.
Mesmo
tendo virado um foco de contaminação e diante da indagação dos
servidores, a Prefeitura manteve a unidade aberta para atender casos
suspeitos da doença na comunidade. Mais do que negligência, a
apatia diante da denúncia é um desrespeito com a própria população
e com os trabalhadores, já esgotados e com medo de levar a doença
para dentro de suas casas.
Acúmulo
O
menosprezo do desgoverno Greca na US Moradias da Ordem não é
isolado. Diariamente chegam ao SISMUC diferentes denúncias de
servidores que tiveram colegas de ambiente de trabalho com casos
confirmados de Covid-19 e que sequer foram testados pela gestão.
Ainda
na semana passada, os altos índices de contágio deixaram vários
trabalhadores da UPA Fazendinha em isolamento domiciliar após
testarem positivo para o coronavírus. Inclusive, dois servidores
tiveram de ser internados. Conforme denúncia, a UPA não estava
cumprindo uma série de requisitos básicos de segurança para
enfrentar a pandemia: a triagem dos pacientes com sintomas continuava
sendo feita dentro da unidade; funcionários da recepção usavam
apenas a máscara cirúrgica e não a N95 ou PFF2, que teria proteção
mais efetiva; e, como não bastasse, o eletro do setor Covid deixou
de funcionar, fazendo com que os pacientes com Covid-19 precisassem
fazer eletro na área geral.
Essas
e outras queixas, que se somam a uma série de condutas
inconsequentes de um desgoverno que só age para retirar direito dos
servidores, foram tema de uma audiência do SISMUC e SISMMAC com o
Ministério Público do Trabalho (MPT) na última quinta-feira (9).
Além
da testagem insuficiente, o SISMUC também voltou a denunciar a falta
e a baixa qualidade dos equipamentos de proteção individual (EPIs)
para os servidores da saúde e dos equipamentos da Fundação de
Assistência Social (FAS) bem como o desleixo com os serviços de
desinfecção.
Logo
após a audiência no MPT, a secretária de Saúde Márcia Huçulak
enviou uma carta aos servidores falando sobre as medidas de proteção
adotadas pela Prefeitura e negando os problemas denunciados até
agora pela categoria – que de tão evidentes têm afetado os
atendimentos prestados nos equipamentos de saúde. No documento, a
gestão alega ter elaborado protocolos, disponibilizado EPIs
necessários e contratado vagas em hotéis para os profissionais que
estão na linha de frente do combate ao Covid-19.
Mas
de adiantam palavras bonitas quando não combinam com a prática?
Afinal, vidas não são salvas por cartas, mas por comprometimento,
transparência e respeito ao trabalho de quem está na luta!