Mulheres vão as ruas para dizer não ao aumento de tarifas e outras pautas

Há um ano, Neusa Maria de Souza, 60 anos, moradora da Vila 28 de Agosto, no Sítio Cercado, em Curitiba, pagava, em média, R$50,00 na conta de luz. Atualmente sua conta está vindo R$135,00, sendo que já chegou até aos R$200. Dividindo a casa com a filha, Neusa cria seus dois Netos e afirma que esse aumento na conta reflete na forma de vida da família: “Esse dinheiro que a gente gasta com luz faz falta para comprar remédio, para comprar roupa para as crianças, para comprar comida, de tudo. Agora tenho que lavar roupa no tanque, na mão, na máquina não dá mais, para ver se economiza, né?”

As mesmas mudanças acontecem na casa de Vera Lúcia Soares Peres. Viúva e aposentada, ela mora com dois filhos e dois netos numa pequena casa na Vila 23 de Agosto. “Nós mulheres somos as economistas da nossa família, então a gente se preocupa, porque não podemos deixar de comer para pagar este absurdo. Mas nós temos que começar a manifestar, não dá para ficar reclamando só dentro de casa sem procurar se organizar. A gente vai para as ruas e se for preciso bater panela a gente vai bater, porque é da panela mesmo que é tirado pra gente poder pagar a luz”.

Explorando o povo

O que indigna e afeta Vera, Neusa e tantas outras pessoas, principalmente mulheres da classe trabalhadora, é o aumento de 100% na tarifa de luz entre 2013 e 2015. Este aumento é reflexo do governo do estado não ter aderido à MP 579 (renovação das concessões do setor elétrico) no início de 2013, que iria reduzir a tarifa de energia, em média, em 18%.

Conforme explica Maria Priscila Mendes dos Santos e Daiane Machado, militantes do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), isto levou a COPEL Distribuidora a “ficar” com energia descontratada (faltava energia pra distribuir) e, portanto, teve de comprar energia no mercado de curto prazo, que custou 25 vezes mais. “Valor que vai para o povo pagar”, explica Priscila.

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