De cabeça feita

COMPORTAMENTO – O uso do turbante é uma forma de valorização da história,
cultura e estética africana e afro-brasileira. É uma maneira de valorizar as
mulheres negras e apresentar outras belezas que não as que a moda nos impõe
como padrão.

No dia-a-dia, como sou profissional da área da saúde, uso os
cabelos presos. O que realmente gosto é de usar meus cabelos soltos, com
diversos adereços: flores, faixas, tiaras, etc. Mas o que realmente chama
atenção é o uso de turbantes.

Desde que comecei a usar o turbante como forma de empoderamento ouvi diversos elogios, mas
também diversas bobagens. Sei que o uso de turbante é impactante e nem sempre
as pessoas entendem qual a mensagem que este adorno transmite. Porém para mim o
uso de turbante foi uma das maneiras de desmascarar preconceitos escondidos.

Ouvi comentários como:

– O cabelo não estava bom hoje?

– Tá vendendo acarajé?

– Vai ler a sorte?

– Cabelo duro é que nem bandido, ou tá preso, ou tá
escondido ou tá chapado.

– Você é baiana?

Este último é complexo. Sabemos que na Bahia a identidade
afro é muito melhor trabalhada que aqui no sul. Talvez por isso a conexão entre
uso de adornos afros e ser baiana seja tão comum.

Reconheço minha ancestralidade com orgulho. Sou Negra e meu
cabelo é lindo! Uso turbante como forma de reafirmar a cultura afro, a minha
cultura de origem. A estética negra é bela. Precisamos nos empoderar para não
sermos vítimas de uma ditadura da beleza imposta pelo mercado cosmético. A
sociedade tem que parar de querer nos impor uma beleza que não é nossa!