Prefeito quer ampliar terceirização de 1.259 vagas via fundação

O prefeito Luciano Ducci está dando andamento ao seu projeto de terceirização do serviço público municipal. De acordo com informações da secretaria de comunicação da prefeitura, a Fundação Estatal de Atenção Especializada em Saúde (Feaes) está abrindo seleção para 1.259 vagas em 47 diferentes carreiras. A terceirização seria destinada para o atendimento no Hospital do Idoso, cmum’s, Samu e para a área administrativa da fundação. 

Um dos questionamentos que se faz é se a medida não significaria a terceirização da atividade-fim do serviço público. De acordo com a legislação vigente esta é uma prática proibida. Porém, a justiça tem interpretado de diferentes maneiras o que caracteriza atividade-fim de uma prefeitura. Um projeto de lei vem sendo debatido no congresso nacional, visando a regulamentação da terceirização, com regras sobre o que pode ser terceirizado e em quais condições. Os debates, no entanto, parecem estar longe de um consenso.

Desvalorização
O Sismuc havia alertado sobre as intenções de Ducci após uma reunião do conselho municipal de saúde, no dia 17 de novembro do ano passado, na qual não foi garantido o direito de oposição. A medida representa a desvalorização dos servidores concursados. Os profissionais que serão contratados em regime celetista, ganharão R$ 38 a hora, o que corresponde a R$ 3.040 líquido mensal para uma jornada de 20 horas semanais. Um médico da prefeitura contratado por concurso público recebe hoje, para a mesma jornada, um piso salarial de R$ 2.043. 

Críticas
Nas várias modalidades de terceirização do serviço público, as fundações são uma das maneiras de contratar pessoas para atuar sem a admissão por concurso público. Além da desvalorização da carreira pública, a terceirização tem sido questionada devido à queda na qualidade do serviço prestado. “Ao invés de profissionais comprometidos, está se aprofundando um tipo de gestão do trabalho que fica a mercê das flutuações do mercado. Ao contrário do servidor público, o terceirizado, quando está insatisfeito, procura outro emprego, ao invés de lutar por melhorias. A terceirização é uma forma de privatizar o trabalho público”, questiona a secretária geral do Sismuc Ana Paula Cozzolino.


Outro problema diz respeito à organização destes trabalhadores. Funcionários de fundações ou de empresas terceirizadas tendem a ter menos relações com sindicatos. O problema se deve aos contratos de trabalho mais fragilizados que impõem maior arbitrariedade sobre os trabalhadores. O resultado é um medo maior de questionar os gestores e de participar de atividades que visem melhorias. Por este motivo, o trabalho terceirizado tende a ser mais precarizado, rebaixando as condições de trabalho de todo o serviço público.
 
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