Sindicalistas de todas as regiões do Paraná estão reunidos nesta quinta-feira (16), no auditório do Sintrapav, durante a Plenária Estadual da CUT. Com o tema “O Paraná e o Brasil que emergem das urnas”, o evento se propõe a debater os desafios dos trabalhadores frente à nova configuração política estadual e nacional.
O painel da manhã contou com palestras da senadora eleita Gleisi Hoffmann (PT-PR), do deputado estadual Professor José Lemso (PT), do presidente da CUT Paraná, Roni Barbosa, e do pesquisador da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Rodrigo Mayer.
Conjuntura Política Nacional
A senadora procurou analisar o cenário político para 2011. “Dilma pega um país diferente do que o Lula recebeu há oito anos, uma nação melhor política e economicamente. Melhor, mas não menos complexo. Ela terá que fazer um ajuste nas contas públicas e tem o desafio de conseguir o financiamento da saúde. A sociedade se colocou contra a CPMF e não conseguimos fazer o convencimento. Não é agora que vamos tentar ressuscitá-la. A saúde pública é um dos grandes desafios colocados no orçamento do governo Dilma”, avaliou Hoffmann.
Ainda sobre política, Gleisi enalteceu o crescimento do Partido dos Trabalhadores nas últimas eleições. “Dilma terá uma base maior e mais estruturada no Congresso Nacional. Acredito numa governabilidade com mais parâmetros políticos, mas isso não significa que vai ser mais fácil do que no governo Lula”.
Sobre as lideranças no Congresso, a senadora foi enfática. “No Senado o partido com maior número de assentos, no caso o PMDB, fica com a presidência. Eles [senadores do PMDB] devem indicar o José Sarney, mas isso quem decide é o partido. Já na Câmara Federal o PT tem a maioria, mas corremos risco em função das discussões internas do partido. Marcos Maia, do PT do Rio Grande do Sul, é o nosso candidato. Vale lembrar que da última vez que rachamos, subiu o Severino Cavalcanti. A divisão abre espaço para outras articulações políticas”, advertiu.
Conjuntura Política Estadual
A senadora constatou que pela primeira vez o PT é situação no quadro nacional e oposição no estadual. “Enquanto partido político, nós temos que conviver, faze uma oposição qualificada na defesa dos direitos dos trabalhadores e das empresas públicas do Paraná. Temos que analisar os primeiros meses de governo para depois intervir. Não adianta sair batendo porque o governador eleito tem uma popularidade e a melhor forma de atuar é pegar todas as promessas de campanha e, através dos nossos parlamentares, convertê-las em Projetos de Leis.
Gleisi foi prudente ao avaliar as parcerias políticas no estado. “Estamos sem aliados no Paraná, talvez dois ou três deputados do PMDB façam oposição junto conosco. O PT é o único que não compõem a Mesa Executiva por discordar da forma de composição. Precisamos agora de muita articulação e organização dos trabalhadores e dos nossos representantes do estado para garantir as conquistas que obtivemos nos últimos governos e avançar”.
Sobre sua posição enquanto senadora, Hoffmann disse que vai priorizar o diálogo. “Quero ser uma senadora com muita interlocução com os trabalhadores e os movimentos sociais. É possível que enfrentemos contradições, mas temos que mediar ao máximo, esticar a corda, mas não a ponto de arrebentar e comprometer nosso projeto nacional. Proponho que a cada seis meses façamos um seminário com os nossos sindicatos para informar sobre a conjuntura política e ouvir as reivindicações dos trabalhadores”.
Comunicação
O presidente da CUT Paraná, Roni Barbosa, parabenizou a senadora pela vitória, ressaltando que ela obteve mais votos do que o governador eleito, e provocou o debate sobre a comunicação. “Uma questão que muito me preocupa é a comunicação. A imprensa paranaense é dominada pela direita. Temos pensado em alternativas para fazer o enfrentamento, como a ampliação da nossa inserção em rádios e tv’s comunitárias. Também pensamos em produzir um jornal de grande circulação e constituir uma agência de comunicação para municiar a imprensa com nossa posição. A disputa da hegemonia na sociedade passa pela comunicação”, afirmou Barbosa.
A senadora respondeu às colocações de Roni sobre comunicação. “Ficamos só oito anos no governo contra mais que um centenário de governo dos barões da mídia. Tivemos avanços, ganhamos o governo, mas não a hegemonia na sociedade e não adianta dar murro em ponta de faca, assim comprometemos o avanço. Temos que discutir democracia na comunicação, nas concessões públicas. Não podemos concentrar, mas distribuir poder. Temos que mediar porque temos um projeto de nação”, ponderou Hoffmann.
Composição de Governo
Gleisi informou que o PT terá a maioria dos ministérios. “Serão áreas importantes, as quais terão ministros qualificados”. Questionada sobre a proposta do presidente dos Correios em converter a estatal em uma Sociedade Anônima [S/A], a qual os trabalhadores consideram uma tentativa de privatização da empresa, ela lembrou que o Ministério das Comunicações será ocupado por Paulo Bernardo. “Essa proposta dos Correios é um problema e, se bem conheço o Paulo, ele vai resolver”, colocou Hoffmann.
Já sobre o Ministério do Trabalho, Gleisi disse que ele vai continuar sendo comandado pelo PDT. “A eleição de Dilma foi uma coalizão. Se tivéssemos vencido apenas com o PT, faríamos a composição do governo da forma que quiséssemos”.
Debate
Após as explanações, a Plenária Estadual abriu para uma rodada de debates. Os sindicalistas utilizaram a palavra e fizeram questionamentos aos palestrantes. À tarde, o evento continua com análises de conjuntura política. Participam o deputado estadual Tadeu Veneri [PT] e o pesquisador César Sanson, do Centro de Pesquisa e Apoio ao Trabalhador [Cepat].