Desvalorização da prefeitura: Servidores rejeitam proposta e pedem piso salarial

 Prefeitura não discutiu o piso, fez proposta de incorporar apenas cem reais e pode arrastar servidores para a greve. Atos estão marcados para depois do carnaval. Guardas já protestam na segunda.

A gestão Luciano Ducci levou cerca de 100 dias para fazer uma proposta indecente, na opinião dos servidores públicos. Em assembleia terminada agora a pouco, os trabalhadores decidiram por mobilizações no final de fevereiro com paralisações de meia hora a partir do dia 22 e uma grande caminhada no dia 25 de fevereiro.   Os atos ocorrem depois que a secretária de recursos humanos, Maria do Carmo, propôs incorporação de apenas cem reais (dos 250 do PPQ e outras remunerações variáveis) para os servidores para maio de 2013. Ou seja, no próximo mandato de prefeito e excluindo os guardas municipais da remuneração. A secretária não discutiu a data-base e o reajuste da inflação.


Na reunião ocorrida à tarde, a prefeitura disse que o atual vencimento básico é bom. Para isso, cita a remuneração final do auxiliar de consultório dentário (ASB). Eles ganham 646 reais mais 250 de PPQ. Valor que fica aquém dos R$ 1500 pleiteados para o nível básico (veja abaixo pauta dos servidores) e dos 1009 reais que recebem os auxiliares de consultório em Pinhais, por exemplo. Além disso, o Sismuc lamenta que as remunerações variáveis sejam utilizadas não como prêmio pela qualidade, mas como elemento de pressão negativa aos servidores que discordem dos problemas da administração ou sejam um mecanismo de assédio moral. “Sugiro que o prefeito e os comissionados se encaixem nisso também. O Ducci que receba dez mil reais por mês e o restante do salário dele (em torno de 27 mil) seja pago por produtividade e qualidade”, sugere Ana Paula Cozzolino, secretária geral do Sismuc.


Em virtude da proposta da gestão Ducci, os servidores já defendem o indicativo de greve geral. Para eles, a prefeitura “não tem negociado”, mas apenas simulado diálogo com os servidores. “Nós vamos mobilizar a todos e mostrar que a prefeitura não está nos levando a sério. Se não der o piso, podemos entrar em greve no fim do mês”, disse o servidor João Batista Portella. “Esse valor sequer é um aumento. Apenas migrou dinheiro que era do PPQ e dá uma vantagem pequena na aposentadoria. É muito pouco pra nós”, reclama Magna M.M. Bitencourt, enfermeira que integra a mesa de negociação. 


Espaço para o piso
A prefeitura poderia incorporar os 250 reais para todos os servidores sem impacto no orçamento de 2012. É o que informou o Dieese ao Sismuc. “Ainda haveria espaço para crescer 30% na folha de pagamento. A gente tem que olhar no nosso contracheque e ver que as promessas não são reais. Alguém aí tem garantido remuneração variável? Ninguém”, comenta Alessandra Oliveira, secretária de comunicação do Sismuc.


Mobilizações
Para o Sismuc, a negociação efetiva começa agora, pois antes as mesas eram de apresentação dos estudos. Por isso, as mobilizações da categoria devem se intensificar. Nesta segunda-feira, a guarda municipal realiza protesto a partir das 08h30, na Rua XV. A manifestação se repete na terça-feira. Já no sábado, dia 25, os servidores devem promover um ato, na Boca Maldita, com concentração na praça Santos Andrade, as 10 horas. 


Antes, nos dias 22, 23, 24 de fevereiro, os servidores podem fazer a paralisação de 30 minutos para expor as falhas da gestão e a realidade dos servidores para a população. Isso deve ser feito antes ou depois do expediente deles. Os trabalhadores visitarão locais de trabalho de seus colegas e conversarão com a população. Curitiba tem hoje cerca de 34 mil servidores públicos.
 
Já para o dia 29 de fevereiro está marcado o indicativo de greve, caso a prefeitura não ofereça uma proposta que seja aprovada pelos servidores.  
 
Piso salarial:
Metas para os servidores: R$ 1,5 mil para nível básico; R$ 2,5 mil para médio; R$ 3 mil técnico; e R$ 4,5 mil para superior.