Foto: Tami Taketani/Plural
O SISMUC expressa sua profunda indignação diante da ação violenta da polícia militar, ocorrida na noite desta terça-feira (09/09), na Universidade Federal do Paraná (UFPR). O episódio aconteceu durante a tentativa de realização da palestra “Como o STF tem alterado a interpretação constitucional”, que contou com a presença dos vereadores de extrema-direita de Curitiba, Guilherme Kilter (Novo) e Rodrigo Marcial (Novo), além do advogado Jeffrey Chiquini, recém-nomeado defensor de Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro e apontado como idealizador da chamada Minuta do Golpe.
A realização de uma atividade com esse conteúdo em uma universidade pública não pode ser tratada como algo normal. Ela levanta preocupações legítimas sobre o respeito ao regime democrático e ao papel das instituições. É importante lembrar que, durante o governo Bolsonaro, as universidades federais sofreram cortes significativos de recursos, comprometendo sua autonomia e sua função social. Abrir espaço para iniciativas que colocam em dúvida as instituições democráticas enfraquece não apenas a democracia, mas também a própria missão da universidade pública.
Também é importante registrar que os vereadores Guilherme Kilter e Rodrigo Marcial têm histórico de votações que impactaram negativamente os direitos da população de Curitiba, em especial dos servidores públicos, o que repercute diretamente na qualidade dos serviços prestados à sociedade. Sua presença no evento reforça uma linha de atuação política que precisa ser debatida e questionada pela sociedade.
As manifestações contrárias à palestra foram recebidas com violência pela Polícia Militar, que utilizou a força de maneira desproporcional em um espaço que deveria ser preservado. Como consequência, uma estudante de 22 anos foi ferida e um estudante acabou preso. O episódio constitui um ataque à comunidade acadêmica e à liberdade de expressão, valores que precisam ser protegidos em qualquer democracia.
Toda luta dos trabalhadores e trabalhadoras pelo respeito aos seus direitos e pela democracia tem sido alvo de ataques. Em Curitiba, os servidores municipais, por exemplo, enfrentaram violência policial durante as manifestações contra o Pacotaço, realizada na Câmara de Curitiba e na Ópera de Arame. A nível estadual, o dia 29 de abril de 2015 também exemplifica isso, quando professoras e professores também foram duramente atacados durante mobilização contra a retirada de direitos. O que aconteceu na UFPR se soma a esse contexto, mostrando que a repressão às reivindicações dos servidores e à liberdade de manifestação não é um episódio isolado, mas uma realidade recorrente que impacta diretamente a vida de quem luta pelos direitos na cidade.
A UFPR, instituição centenária, plural e comprometida com a democracia, já se manifestou em defesa do regime democrático, da liberdade de expressão e contra qualquer forma de violência. O SISMUC se soma a essa posição e reafirma que a repressão policial, longe de garantir a ordem, acaba por restringir o debate público e comprometer princípios constitucionais.
Reafirmamos nosso compromisso com a defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade, e com a construção de uma sociedade que respeite os direitos humanos, a liberdade de manifestação e o fortalecimento da vida democrática.
Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (SISMUC)