No Coletivo da categoria, trabalhadores de escola reforçam urgência por valorização da carreira e condições de trabalho

Na tarde da última terça-feira (9), o SISMUC realizou mais um importante Coletivo dos Trabalhadores de Escola, profissionais que atuam nas escolas da rede municipal de Curitiba e que exercem papel essencial no cuidado, na segurança e no bom funcionamento das unidades. No encontro, foram compartilhadas experiências, denúncias e apontados caminhos de luta para corrigir distorções e conquistar o devido reconhecimento da categoria.

A principal reivindicação segue sendo a valorização da carreira dos trabalhadores. No caso dos auxiliares de serviços escolares, atualmente, a exigência para o ingresso no cargo ainda é de nível fundamental, o que não condiz com a complexidade das tarefas realizadas diariamente. Os ASEs lidam com centenas de crianças, muitas delas com deficiência, executam tarefas que exigem preparo técnico e são responsáveis por manter o ambiente escolar seguro. O SISMUC defende que o cargo passe a exigir nível médio, compatível com as responsabilidades e com o perfil atual das atribuições.

Leia também: Carreiras de nível médio para servidores de Curitiba é pauta de luta do SISMUC

Outro ponto debatido pelos trabalhadores de escola foi o desvio de função. Os relatos são diversos: aplicação de medicamentos, abertura e fechamento das escolas, acompanhamento de crianças no horário de descanso, entre outras ações que não constam no descritivo oficial da função. Diante disso, o Sindicato orientou que os servidores solicitem à direção da escola o registro dessas situações em ata e mantenham cadernos próprios com anotações, documentos e imagens que sirvam de respaldo em caso de necessidade.

A sobrecarga enfrentada pelos ASEs é outro tema crítico. Em algumas escolas, um único profissional é responsável por cuidar de até 150 crianças. Em determinadas situações, esse número pode chegar a 300, o que coloca em risco não só a saúde dos trabalhadores, mas também a segurança das próprias crianças. Para o SISMUC, esse cenário precisa mudar com urgência. A proposta é que cada ASE fique responsável por, no máximo, 70 alunos, o que permitiria um trabalho mais humanizado, seguro e efetivo.

Esse debate é ainda mais urgente diante da crescente inclusão de crianças com deficiência nas escolas municipais. O SISMUC reconhece a importância da educação inclusiva, mas reforça que ela deve vir acompanhada de políticas públicas que garantam suporte técnico, formação permanente e estrutura adequada. Também é necessário maior diálogo com as famílias, para que sinais de alerta não sejam ignorados e para que a inclusão ocorra de forma consciente e segura para todas as crianças.

Durante o Coletivo, os profissionais também denunciaram a falta de condições básicas de trabalho nas escolas. Um dos exemplos citados foi o da Escola Irmãos Rebouças, inaugurada em 2023 e que atende cerca de 400 alunos. Apesar de recente, a unidade apresenta sérias deficiências de infraestrutura, tanto para as crianças quanto para os servidores, que precisam contornar diariamente a precariedade para garantir um atendimento digno. Infelizmente, esse não é um caso isolado. Em diversas situações, os trabalhadores relataram que, em muitas unidades, faltam até mesmo mobiliário adequado e espaços apropriados para descanso e alimentação.

 

Conquista da categoria: gestão municipal convoca ASEs aprovados no último concurso público

Outro tema, pauta de muitas mesas de negociação e pressão tanto do SISMUC, quanto da categoria organizada, enfim se efetivou: a gestão municipal anunciou a convocação de 233 ASEs aprovados no concurso público de 2022.

A medida, fruto da intensa cobrança do Sindicato, representa um avanço, mas ainda está longe de suprir o déficit real da rede. Atualmente, apenas 851 profissionais atuam nas 185 escolas municipais de Curitiba, número nitidamente insuficiente frente às necessidades da educação pública.

O SISMUC segue pressionando para que um número ainda maior de ASEs sejam convocados, com planejamento que leve em conta o crescimento da rede, as novas demandas e a saúde dos servidores. Junto disso, o Sindicato reafirma seu compromisso com a categoria dos ASEs e reforça que a luta continua por uma carreira justa, condições dignas de trabalho e uma escola pública de qualidade, que respeite quem nela trabalha e quem dela precisa.