Ato no CIC reúne professoras da educação infantil e moradores da região pela valorização do serviço

Se coloque nessa situação: você trabalha 8h por dia ou até mais e precisa deixar seu filho pequeno em um CMEI, já que os Centros Municipais de Educação Infantil ofertam vagas em período integral. Mas, ao tentar fazer o cadastramento para preencher a vaga, você recebe uma mensagem informando que precisará entrar em uma fila de espera, pois não há vagas disponíveis ou, se consegue, há apenas CMEIs muitodistantes da sua moradia, tornando difícil a sua rotina.

Esse cenário é mais comum do que se imagina. Muitas famílias, que têm o direito de matricular seus filhos nos CMEIs, dão com a “cara na porta” e precisam encontrar outras alternativas, pois precisam trabalhar para manter o sustento da casa, mas também não podem deixar as crianças sozinhas.

Agora, pense em outra situação: você conseguiu uma vaga no CMEI e acredita que neste ambiente seu filho terá a garantia de uma educação de qualidade. Pelo menos era isso que a Prefeitura de Curitiba deveria assegurar, mas na prática, não está acontecendo. Há falta de professores do ensino infantil, que precisam se desdobrar para atender as turmas — muitas professoras e professores passam o dia todo de trabalho sem conseguir ir ao banheiro pois não podem deixar as crianças sozinhas em sala. Pelo mesmo motivo, os profissionais também não têm tempo para realizar consultas e exames médicos, deixando a sua própria saúde em segundo plano.

Além disso, o prefeito Rafael Greca não cumpre a lei e não realiza o pagamento do piso salarial dos professores, com reajuste de 33,24%.

E, como se todos os pontos citados não fossem motivo suficiente para gerar caos na educação, ainda há a negligência relacionada à inclusão e ao suporte na alfabetização das crianças com deficiência. Atualmente, são mais de 1,2 mil crianças com deficiência nos CMEIs de Curitiba. O Departamento de Inclusão e Atendimento Educacional Especializado (DIAEE) divulgou a contratação de apenas 880 tutores, número insuficiente para garantir o atendimento de qualidade a estas crianças.

É por esses e outros motivos que as professoras e professores de educação infantil estão indo às ruas, protestar junto à população pela valorização da educação dos nossos curitibinhas.

CIC: A terceira parada dos atos regionalizados

Na tarde de hoje (25), estivemos no CIC para conversar com a comunidade a respeito desses problemas.

“Não tem concurso público, os professores têm que se desdobrar, minha neta estuda aqui [no CMEI da CIC] e não tem professor. Do que adianta ele [prefeito Rafael Greca] ficar falando na televisão de estrutura e mais um monte de coisa se a saúde e a educação estão prejudicados. Tá muito bonito, falar é fácil, mas quem se prejudica é quem usa os serviços. Meu outro neto que frequenta a escola, chega em casa falando que hoje não teve aula de geografia, porque o professor não foi. Mas cadê o professor pra substituir? Não tem reposição. Hoje em dia não tem mais lição de casa. Mas não é culpa do professor. É porque ele não tem tempo de elaborar o conteúdo”, desabafa Elvira, avó de duas crianças que frequentam o CMEI e a escola.

Este problema apontado pela Elvira acontece porqueo direito à hora atividade não está sendo garantido para que os professores planejem e organizem as atividades pedagógicas, o que interfere diretamente na qualidade da educação em sala.

“Eu tô há 18 anos na rede [pública de educação] e na verdade o trabalho só aumentou, mas o salário não aumentou junto. Além disso, ainda tem a questão das crianças com autismo que não tem um atendimento especial para elas. Na minha sala tem um caso, nós já pedimos o tutor para ficar com ele, mas nos foi passado que o caso dele não necessita de tutor e existem outras crianças com mais prioridade [no atendimento], mas nem essas também são atendidas”, afirma Nilceia, professora do CMEI do Tatuquara.

As professoras e as famílias de toda Curitiba exigem que a Prefeitura de Curitiba tome as providências necessárias de forma rápida, os profissionais e as crianças da nossa cidade merecem respeito.