Nota do Sismuc de repúdio ao assassinato de dois agricultores pela Polícia Militar do Paraná

A coordenação do Sindicato dos
Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc) repudia veementemente o
assassinato de dois trabalhadores rurais sem terra, e o ferimento de mais dois
agricultores, em Quedas do Iguaçu, ontem (7) em uma emboscada da Polícia
Militar do Estado do Paraná.

O respeito à vida e à dignidade
humana são valores dos quais a coordenação do Sismuc não abre mão. É preciso
ter lado na sociedade e o nosso é o lado dos trabalhadores do campo e da
cidade.

A nota oficial do Movimento dos
Trabalhadores Sem Terra (MST), que ocupa a área declarada como pertencente à
União e grilada pela madeireira Araupel, aponta o que as evidências do crime já
começam a revelar, apesar da cobertura precipitada dos veículos tradicionais da
mídia:

“A emboscada ocorreu enquanto
aproximadamente 25 trabalhadores Sem Terra circulavam de caminhonete, há 6 km
do acampamento, dentro do perímetro da área decretada pública pela Justiça,
quando foram surpreendidos pelos policias e seguranças entrincheirados”. A
caminhonete baleada e o cerco ao local logo após os assassinatos são prova de
que a emboscada não partiu dos ocupantes.

Desde então, a cidade de Quedas
do Iguaçu está sitiada pelo contingente enviado pelo governo estadual. A nota
do movimento prossegue: “O MST está na região há quase 20 anos, e sempre atuou
de forma organizada e pacífica para que houvesse o avanço da reforma agrária,
reivindicando que a terra cumpra a sua função social. Só no grande latifundio
da Araupel foram assentadas mais de 3 mil famílias”.

O Sismuc reforça a urgência na
apuração dos fatos e na responsabilização dos executores e mandantes do crime. Condenamos
também o contexto perigoso de contratação de seguranças particulares e jagunços
por parte da madeireira Araupel na região.

Afinal, os trabalhadores rurais e
os pequenos agricultores, que produzem o alimento consumido na cidade, são as
vítimas deste mais recente massacre. E de um modelo de propriedade no campo em
que vale mais o latifúndio que cultiva pinus do que a pequena propriedade da
agricultura familiar. Não aceitaremos impunidade à morte dos trabalhadores!