O Choque (de Gestão) nos Paranaenses

O governo Richa vem demonstrando que sua política à frente do
Paraná tem levado ao sucateamento dos serviços públicos, da entrega de recursos
e do patrimônio público aos setores privatistas. Leva também ao aprofundamento
da crise financeira, da previdência e de uma notória ausência de estratégia de
desenvolvimento econômico e social para o estado.

Recentemente, vivemos um intenso processo de luta dos
servidores estaduais, liderados pela disposição dos educadores, mas também por
servidores do Detran, agentes penitenciários, servidores da saúde, das
universidades, dentre outros. Cabe então às forças sociais e populares no
Paraná analisar a materialidade destas políticas, que em alguma medida refletem
este quadro caótico em números e, em última instância, no bolso dos
paranaenses. Neste sentido, vejamos:

Além de termos pedágios que figuram entre os mais caros do
país, os reajustes na tarifa foram superiores a 25% no período Richa.

Na Sanepar, a tarifa sofreu um aumento superior a 70% nos
últimos quatro anos. Somado a isso, houve um aumento generoso no repasse dos
lucros da Sanepar aos seus acionistas, superior a R$ 660 milhões.

O caso mais simbólico, sem dúvida, é o da Copel. Nos quatro anos de governo tucano a tarifa de
energia elétrica foi reajustada em mais de 100%. No entanto, graças a uma
decisão correta do governo federal, que reduziu o preço da luz em 18%, em
janeiro de 2013, o aumento da Copel ficou em 65%.

Comprometido com os acionistas da Copel, o governo Richa
entregou a eles, em quatro anos, mais de R$ 1,6 bilhões. Nesta conta, 50% do
que se paga de energia elétrica no Paraná transforma-se em lucro para os
acionistas da Copel. Para piorar, em junho deste ano, os paranaenses serão
penalizados com mais um aumento na conta de luz.

Poderíamos falar também do aumento da alíquota do ICMS dos
produtos da cesta básica, do tarifaço no IPVA, ou mesmo da retirada dos
subsídios e, consequentemente, do fim da integração do transporte metropolitano
de Curitiba.

Percebe-se, desta forma, que as finanças e as empresas
públicas transformaram-se num grande negócio dos acionistas privados, das
grandes empresas do setor especulativo e do mercado financeiro. O governo Richa
transferiu mais de R$ 2,2 bilhões dos cofres do estado (por meio da Sanepar e
da Copel) a estes setores.

Enquanto isso, o mesmo governo promove uma ofensiva sobre os
servidores estaduais na tentativa de retirar direitos e restringir avanços no
serviço público, além de assaltar o povo paranaense com o aumento vergonhoso
das tarifas públicas e comprometendo o avanço do setor produtivo no estado, ao
encarecer serviços e insumos importantes ao processo de produção, como água,
energia e transporte. Não por acaso, em janeiro de 2015, o Paraná registrou
queda de 12% na produção industrial em comparação a janeiro de 2014, ficando
com o terceiro pior desempenho do país, segundo o IBGE.

Portanto, é urgente um amplo debate
político sobre os rumos e as estratégias de desenvolvimento no estado do
Paraná. Os trabalhadores do campo e da cidade, servidores públicos e da
iniciativa privada devem protagonizar este processo de forma ampla, com clareza
e ousadia. Ainda há tempo – mas não sabemos quanto!