Paraná preparado para abrir arquivos da Ditadura

12 de novembro de 2012 será marcado como dia em que autoridades do Paraná firmaram acordo para intensificar a abertura de documentos referente à Ditadura Cívico/Militar. Em cerimônia realizada no teatro da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Comissão Nacional da Verdade assinou acordo de contribuição e parceria com o Fórum Paranaense Resgate da Memória (criado há sete meses pela Universidade), com a OAB-PR e com o Ministério Público (MP). Além disso, a Assembleia Legislativa do Paraná vota hoje, em 2º turno, a criação da Comissão Estadual da Verdade. O estado e Curitiba viveram tanto o combate como a repressão intensamente no período da Ditadura – 1964 a 1985.


Representante da Comissão Nacional da Verdade, Paulo Sérgio Pinheiro disse que o momento é muito importante para o Paraná e para o resto do país, pois possibilita mais investigação sobre a opressão que ocorreu no passado. “O Paraná foi um estado alvo da repressão militar. Aqui ainda houve colaboração para o seqüestro de exilados do Cone Sul. Por isso é importante o convênio e abertura dos dados”, declara.


No entanto, apenas a identificação daqueles que oprimiram é o suficiente, na opinião de Narciso Pires, do grupo Tortura Nunca Mais. Para ele, “não avançaremos na democracia enquanto não dermos devido valor à memória e responsabilizemos os torturadores”, defende. Opinião semelhante da presidente da APP Sindicato Marlei Fernandes. Ela solicita que a Secretaria de Educação e o Governo do Estado troquem o nome das escolas que façam referência a colaboradores do regime.


O evento teve a presença da vice-prefeita eleita Mirian Gonçalves, do presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal Pedro Paulo, da secretária de justiça do Paraná Maria Tereza Uille Gomes e do deputado estadual e presidente da Comissão de Direitos Humanos Tadeu Veneri. Este reforçou que não basta averiguar as violações dos direitos humanos no passado, mas também apontar os abusos de poder atuais: “Nos perguntamos até quando teremos que criar comissões. Se daqui dez anos não estaremos nos questionando se não fomos omissos sobre a violação dos direitos humanos em nossa época”, provoca.