Em sessão da câmara municipal, vereadores aprovaram o reajuste que se estende aos secretários, procurador e vice-prefeito.
Em tempos de denúncias de corrupção em instituições públicas do Paraná, o que todos esperam é que fatos como esse sirvam de lição para um recomeço diferente. Porém, não é esse o exemplo que vem sendo dados por alguns políticos da municipalidade curitibana. A maioria dos vereadores de Curitiba aprovou hoje (24) o projeto de lei que reajusta o já elevado salário do prefeito da cidade de R$ 19.115,19 para R$ 26,7 mil. Com isso, o prefeito Luciano Ducci passa não só a ganhar mais do que qualquer prefeito no Brasil, mas atinge também o teto salarial do funcionalismo público. Este valor é pago apenas aos ministros do Superior Tribunal Federal (STF).
A vereadora professora Josete propôs a manutenção do valor atual, que segundo ela já está bastante alto em comparação com a realidade brasileira, mas não houve sensibilização da bancada de situação. Durante a sessão ela lembrou também que o prefeito de Curitiba ganha mais do que o presidente da república e do que o prefeito de São Paulo, a maior cidade do país com 10,8 milhões de habitantes. O salário de Lula é de R$ 16,25 mil e o de Gilberto Cassab é de R$ 12,3 mil.
Infelizmente não foi apenas o salário do prefeito a ser reajustado. A “imoralidade”, como chamaram os vereadores da oposição, estendeu-se também para os secretários municipais, procuradores do município e vice-prefeito. Eles passarão a receber R$ 12 mil, 20% a mais.
Vereadores da situação argumentaram que o prefeito merece ganhar mais, evitando a comparação com os salários dos servidores municipais e comparando com altos salários pagos na iniciativa privada. O vereador Ademir Manfron, que ganha R$ 9,2 mil por mês chegou a dizer o seguinte: “Não dá para ser vereador com o salário atual”.
Segundo o vereador Mario Celso Cunha, o prefeito Luciano Ducci teria se comprometido em fazer um depósito mensal de 30% do valor do seu salário para instituições de caridade. Esse anúncio também foi feito por Beto Richa, quando foi prefeito, após os protestos decorrentes do reajuste do seu salário. Mas essa atitude nunca foi comprovada e não alivia a imoralidade cometida pela maioria da câmara e da gestão atual da prefeitura.
Os novos salários do primeiro escalão estão bem distantes da realidade dos servidores públicos municipais e o que foi concedido a eles na última negociação coletiva. Apesar dos protestos da categoria, a prefeitura garantiu apenas os 5% de reajuste da inflação do último ano. A administração municipal negou a recuperação de 14,3% de perdas salariais acumuladas. Dentre os principais argumentos para não conceder o reajuste exigido estaria a necessidade de controle fiscal.
Segundo a presidente do Sismuc Marcela Alves Bomfim, o prefeito está dando um péssimo exemplo. “Se por um lado ele passa a ganhar um salário abusivo de R$ 26,7 mil, por outro nega um salário razoável aos servidores”, diz. Como exemplo ela cita o piso salarial dos fiscais de Curitiba, que ganham R$ 682,82, os agentes administrativos, com R$ 562,77, os inspetores, que ganham R$ 607,00, uma parcela de aposentados que necessitam de complemento em seus benefícios para atingir o salário mínimo e os educadores que ganham pouco mais de R$ 1 mil.