Foto: divulgação/Governo do Paraná
Prometidas como solução, escolas cívico-militares do Paraná fracassam e não aparecem na lista que apresenta as sete melhores escolas públicas do estado que mais pontuaram no Enem 2024, em levantamento feito pelo jornal O Globo e divulgado pela Secretaria de Estado da Educação.
Como apontado pela APP-Sindicato, que representa as professoras e professores da rede estadual, os dados do próprio governo desmentem a propaganda ideológica e confirmam que o modelo tradicional de ensino produz melhores resultados.
Isso porque, curiosamente, entre as sete escolas que aparecem na lista, duas seriam cívico-militares — uma localizada em Toledo e a outra em Rolândia, porém, a Seed não expõe essa informação. Outro aspecto que causa estranhamento é o fato da Secretaria Estadual não ter incluído na média de pontuação as escolas que fazem processo seletivo para ingresso de alunos. A dúvida é, excluir essas escolas é uma maneira de distorcer os dados?
Não seria a primeira vez que o Governo Estadual, sob a liderança de Ratinho Júnior (PSD), manipula dados em uma tentativa de fazer propaganda positiva do modelo de educação implantado no estado. Com o objetivo de colocar o Paraná no topo do ranking do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) em 2021, o governo estadual retirou da base de cálculo os alunos menos preparados, de modo a melhorar o resultado. A Revista Piauí fez um levantamento dos dados de ensino médio dos seis estados mais bem colocados no ranking de 2021 – Paraná, Goiás, Espírito Santo, Pernambuco, Ceará e São Paulo. O Paraná teve redução de 20% nas matrículas na rede de ensino, um dos motivos que levaram a isso foi pela exclusão de turmas do período noturno, obrigando alunos a se matricularem no EJA, que não entra no cálculo do Ideb.
Curitiba pode ter escolas municipais cívico-militares
Indo na contramão do que os dados estaduais revelam, um projeto de lei municipal, de autoria da vereadora Delegada Tathiana Guzella (União), busca implementar o modelo cívico-militar na rede municipal de educação, reproduzindo a proposta da Seed.
Como já divulgado anteriormente pelo SISMUC, nos colocamos veementemente contrários ao projeto, pois acreditamos que a educação pública deve ter um caráter pedagógico emancipatório, ou seja, de construir e formar estudantes questionadores, que não ignoram as diferentes realidades do espaço escolar. Além disso, defendemos uma educação democrática, com a participação ativa de toda a comunidade escolar — professores, gestores, alunos e familiares. O autoritarismo presente nas escolas cívico-militares é um ultraje ao ambiente escolar de formação e vivência das crianças, podendo inclusive ser uma ferramenta de violência contra alunos e alunas que não se enquadrem no comportamento padrão exigido.