SISMUC participa do lançamento do Observatório da Violência contra as Mulheres Indígenas do Paraná

Com o objetivo principal de promover um levantamento detalhado sobre a violência enfrentada pelas mulheres indígenas, mantendo uma articulação permanente para orientar a formulação de políticas públicas e oferecer respostas institucionais efetivas, foi lançado o Observatório da Violência contra as Mulheres Indígenas no Estado do Paraná, na última quarta-feira (15/5). Foi com grande alegria que o SISMUC se uniu a este momento histórico promovido pela Defensoria Pública do Estado do Paraná (DPE-PR) através deste importantíssimo Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulheres (NUDEM), que vem contribuindo para a visibilidade das situações de violência contra as mulheres e, de maneira específica neste Observatório, as que são acometidas contra as originárias.

A luta das mulheres indígenas vem se consolidando mais fortemente junto com outros movimentos sociais, desde o acampamento que reivindicou a reabertura da Casa de Passagem Cultura Indígena (CPCIC), implantada em 2015 como Casa de Passagem Indígena (CAPAI) e fechada em 2020 pelo atual prefeito devido à pandemia, mas que não foi reaberta com todos os outros setores públicos e privados em 2021, situação esta que precisou do protesto das artesãs Kaingang que se uniram e por 28 dias montaram suas barracas na praça Nossa Senhora Salete para reivindicar os direitos adquiridos em poder frequentar a capital do Paraná, vender seus produtos e ter do estado e do município de Curitiba a atenção e o respeito necessário ao povo ancestral deste país.

A violência que essas mulheres enfrentam, seja nas aldeias, nas cidades ou em qualquer território, é alarmante. Existir e resistir é um desafio cotidiano para todas as mulheres neste país, considerando os altos índices de feminicídio, portanto é fundamental conhecer a realidade das mulheres indígenas, para poder considerar qual ou quais são as situações a que estão expostas em suas diferentes etnias que foram ao longo destes mais de 500 anos sendo saqueadas em seus direitos, em sua cultura, em seus patrimônios material e imaterial, categorizando os diversos povos pela ótica violenta do eurocentrismo. É fundamental reconhecer em todos os segmentos socias, que não pode ser admitido qualquer tipo de violência, abuso, estupro entre tantas outras violações de direitos como cultura de um povo.

“Assim poderemos também lutar para mudar essa lógica, trazendo respeito a todas as meninas e mulheres indígenas em seus diferentes territórios e desde já o poder público estabelecer campanhas educativas e estratégias de enfrentamento, para reverter a ordem onde o preço da vida seja o maior valor a ser cuidado e respeitado. É preciso dar um basta no que vem causando tantos sofrimento e até a interrupção da vida por meninas nas suas aldeias ou em qualquer territórios”, explicam Niuceia de Fátima Oliveira e Edicléia Aparecida Farias, integrantes da direção do SISMUC que estiveram representando o Sindicato no evento.

Durante o lançamento, a defensora pública e coordenadora do Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres (Nudem), Mariana Nunes, informou que o observatório foi criado a partir da luta das indígenas. “O observatório surge a partir da demanda trazida pelas mulheres indígenas por apoio e intervenção, e está sendo construído a partir do protagonismo delas, de uma perspectiva que considere a cosmovisão das mais diversas etnias e buscando promover um diálogo multicultural com uma perspectiva emancipatória e não paternalista, que reconhece que a violência enfrentada pelas mulheres indígenas não é cultural.”

O SISMUC segue na luta em defesa de todas as mulheres, em especial as indígenas, que precisam do apoio de toda a sociedade para poderem alcançar uma vida digna e pacífica em qualquer território. “Sentimo-nos honrados em representar o Sindicato nesse espaço e nessa luta crucial pela vida e pelos direitos das mulheres indígenas. Agradecemos a presença de todos que compareceram ao evento e juntos demos mais um passo rumo a uma sociedade mais justa e inclusiva”, finalizam Niuceia e Edicléia.