Curitiba é a cidade com maior inflação do país

Todos os índices que medem a inflação
indicam que Curitiba tem o maior índice do país. A variação dos últimos 12 meses chegou a 12,92%
em agosto, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) apurado
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgado nesta
quinta-feira (9). A nível nacional, o INPC em agosto foi de 0,88% e o acumulado
nos últimos 12 meses foi de 10,42%. O INPC é o índice que historicamente é
usado para o reajuste no salário dos servidores municipais de Curitiba.

Se olharmos o Índice de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA), o mês de agosto fechou com um índice de inflação de
0,87%. Foi o maior índice para o mês de
agosto desde o ano 2000.
Em agosto de 2020 o índice foi de 0,24%. O
acumulando nos últimos 12 meses do IPCA em Curitiba fechou em 12,08% e o índice
nacional em 9,68%.

A alta no preço dos combustíveis
puxou a inflação pra cima e é influenciada pelo política de preço adotada pelo
governo federal, que atrela o preço interno com o internacional, sendo
impactada pela desvalorização do real e o aumento da cotação do petróleo no
mercado internacional. Conforme a pesquisa do IBGE, o grupo Transportes, que
incorpora os aumentos dos combustíveis, teve a maior variação nos preços, com
aumento de 1,46%. A alta no preço da gasolina eleva os custos e o preço final
de todos os produtos, incluindo alimentos, habitação e vestimenta.

Os números comprovam o que todos já sabem: o custo de vida
aumentou e os salários estão defasados.


Perdas se acumulam

Com custo de vida tão
alto, é hora de ter uma reajuste real nos salários
. Porém o desprefeito
Rafael Greca não tem corrigido os salários conforme o índice da inflação e com
isso a perda acumulada tem crescido. Apesar do INPC ser o índice histórico usado
para o reajuste no salário dos servidores municipais de Curitiba, nem sempre
Greca usa os índices oficiais como referência. Em 2018 e 2019, os reajustes não tiveram como referência nenhum índice
e foram abaixo da inflação. Em 2020, a gestão se utilizou do IPCA para
justificar o reajuste de 3,14%, enquanto o índice era de 3,89%.

Em 2020, além da escolha do índice com menor percentual,
Greca também jogou com as datas. Com o pacotaço, a data-base do funcionalismo
municipal foi adiada para 31 de outubro. Para considerar os últimos 12 meses, é
preciso fazer o cálculo da inflação de 1º de novembro a 31 e outubro. Mesmo de
acordo com o IPCA, eleito por Greca, se considerarmos o prazo corretamente, o
reajuste dos servidores deveria ser de 3,92%. O que explica o percentual de
3,14% foi o fato da gestão ter “escolhido” um intervalo diferente, de outubro
de 2019 a setembro de 2020. O INPC acumulado no período de nov/2019 a out/2020
ficou em 4,77%, acumulando mais perdas para o funcionalismo municipal.

Conforme o DIEESE, a
perda acumulada dos servidores entre março de 1999 e outubro de 2020 é de 18,09
%.
Os servidores do magistério amargam 8,65% em perdas
salariais, uma perda acumulada um pouco menor 
pois tiveram um
reajuste em 2012, após a greve pela incorporação do Programa de Produtividade e
Qualidade (PPQ).
Estas perdas ainda não consideram o período de nov/2020 e
out/2021, com estimativa de 9,48%!

Com a proximidade da
data-base, no próximo dia 31 de outubro, fica a pergunta: Greca vai repor
integralmente a inflação? Quanto teremos de aumento real? Qual índice vai usar?


Prefeitura tem superávit

A capital fechou o ano de 2020 com um superávit de R$ 1,2
bilhão. Em 2021, de janeiro até junho deste ano, a arrecadação aumentou 14,29%
em relação ao mesmo período do ano passado
. No primeiro quadrimestre de 2021, as
despesas com pessoal representaram 41,09% das receitas do município, quando o
limite prudencial é de 51,30% e o limite máximo 54%.

Quer dizer, a administração tem margem para garantir a
recomposição dos salários, mas terá vontade política para valorizar os
servidores que mesmo diante das restrições impostas pela pandemia de Covid-19
têm levado os serviços públicos para a classe trabalhadora?

Sabemos que a pandemia é uma desculpa usada pelos governos
para atacar direitos e congelar salários. Por isso é necessário unir forças e
cobrar a gestão para que pague salários dignos e descongele os planos de
carreira. Já estamos sob ataque na aposentadoria, para pagar uma conta que não
foi criada pelo servidores 

Chega de descaso! É
hora de valorizar quem faz os serviços da cidade e garante o atendimento para
população.