“A UPA
Sítio Cercado é um caos. A gente tinha 39 pacientes, a maioria positivos,
misturado com outros pacientes. Não tem saída de oxigênio pra todos os que
precisam. Não tem suporte de soro, a gente cola o soro com esparadrapo ou
amarra com luva na janela. Não tem distanciamento necessário de um paciente pro
outro, todo mundo amontado. Os pacientes são recolhidos e jogados dentro da
UPA. Não estamos conseguindo fazer o atendimento com qualidade e temos que
escolher os pacientes que conseguimos monitorar…”
O depoimento de uma servidora da saúde que vive de perto a
realidade da pandemia desde o início de março de 2020 é chocante. Como após
um ano de pandemia, a Secretaria Municipal de Saúde e o desprefeito Rafael
Greca deixam uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) chegar a este estado?
Os responsáveis pelas mais de 3 mil mortes em Curitiba devem
ser responsabilizados, assim como eles responsabilizam a população. Em
discursos emocionados a administração municipal insiste em dizer que o grande
problema da pandemia na cidade é a falta de cuidado, mas e quando a falta de
cuidado e excesso de irresponsabilidade vêm do próprio Estado? Esse é o tema do
Fala, Servidor desta terça-feira, dia 9 de março.
A UPA Sítio Cercado, que se encontra mais uma vez
SOBRECARREGADA e sem estrutura mínima como suportes para o soro, já foi tema do
Fala, Servidor antes.
Com mais de 10 mil casos de infecção ativa em Curitiba, a
UPA tem pessoas aguardando por um leito de internamento há uma semana. Assim,
mesmo sem espaço físico e com poucos trabalhadores, a UPA precisa atender pacientes
com suspeita de coronavírus e outros casos clínicos que necessitam de
internamento, já que não há leitos hospitalares para transferência de
pacientes.
A unidade também tem falta de monitores e por isso os
trabalhadores precisam escolher quem monitorar. O correto seria que todos
os pacientes de UTI ou com queixas respiratórias, possuíssem um monitor, mas
isso não acontece.
Os problemas da unidade não vêm de hoje e a sobrecarga de
pacientes também não. Agora, com o aumento do número de casos na cidade, a
UPA que finalmente havia conquistado as saídas de oxigênio para os pacientes
devido à luta dos trabalhadores, está mais uma vez com falta do material.
Além disso, a unidade já teve um banheiro transformado em
sala de vacina de maneira completamente improvisada, sem a Prefeitura pensasse
em nenhuma solução de adequação do espaço após a necessidade dos atendimentos a
pacientes com Covid-19.
E quando se fala em sobrecarga de trabalho, não é de hoje
que a UPA apresenta necessidade de mais trabalhadores contratados na linha de
frente. Nesta terça-feira, foram atendidos 44 pacientes na unidade só no
eixo Covid, idealmente, de acordo com os servidores, a UPA deveria atender 20
pessoas entre internamento, emergência e observação.Ou seja, os
trabalhadores da unidade estão sendo obrigados a dar conta do DOBRO da
capacidade que o local teria de atender.
Não dar condições mínimas para que os trabalhadores da
saúde salvem vidas é responsabilidade da Prefeitura e da SMS e os trabalhadores
continuam cobrando para que a administração faça o seu trabalho!
Há quase um ano o Fala,
Servidor mostra a verdade da pandemia em Curitiba
Daqui dois dias a pandemia em Curitiba faz aniversário, um
ano do primeiro caso de Covid-19 na cidade. Se as medidas de controle da pandemia
estivessem sendo aplicadas, talvez este fosse um aniversário menos triste.
Afinal de contas, além da continuação desenfreada da pandemia, faz um ano que
as denúncias do Fala, Servidor têm mostrado o descaso da Prefeitura com os
trabalhadores do funcionalismo municipal e com a vida da população.
Os números desta segunda-feira (8), mostra mais 32
mortos, quase 11 mil casos ativos de coronavírus na cidade e com 321 pessoas
aguardando leitos exclusivos para Covid-19. Os dados são da própria SMS e
da Central de Acesso à Regulação do Paraná (CARE).Com essa situação, o
questionamento é: o que a Prefeitura tem feito para amenizar a situação da
pandemia e garantir condições de internamento e tratamento na cidade?
Sem medidas para manter a população em casa, a Prefeitura
obriga os trabalhadores a pegar ônibus lotados e se expor a essa doença todos
os dias. Mesmo com medo, é impossível pedir para as pessoas ficarem em casa
quando não existe uma política pública que garanta isso. As mortes podem ser
evitadas, mas falta vontade política para que isso aconteça.