Fala, servidor: visitas domiciliares expõe ainda mais os servidores da saúde

Servidores da saúde estão sendo direcionados para fazer
atendimento domiciliar a pacientes infectados com Covid-19 para realizar teste
de oximetria (medir a oxigenação). Mas, como tudo que é feito pelo desgoverno
Greca no enfrentamento da pandemia, a medida está sendo tomada sem a
garantia das condições necessárias, o que acaba por colocar servidores e a
população em risco.

O problema do atendimento domiciliar sem a estrutura e sem
as medidas de proteção adequadas, é que isso aumenta muito o risco de transmissão
da doença, já que é mais difícil garantir a higiene correta dos equipamentos
e dos profissionais entre um paciente e outro.

E como fazer isso se toda a saúde de Curitiba não tem os
equipamentos de proteção necessários e nem são garantidas as medidas de
proteção a fim de proteger os trabalhadores?

De uma
unidade de Estratégia de Saúde da Família a denúncia que vem é de que as
chefias estão assediando os servidores para que usem seu carro particular para
se deslocar até os domicílios. Ou seja, a gestão não garante a estrutura
mínima necessária para esse atendimento e quer sugar mais ainda o salário dos
servidores.
Vale lembrar que esses profissionais estão com os salários e
planos de carreira congelados em meio a uma pandemia, muitas vezes sendo os
únicos responsáveis pelo sustento das famílias.

Em outra unidade de saúde, a gestão simplesmente retirou
o carro disponível para entrega de medicações em domicílio.
A administração
ofereceu à população o serviço de entrega domiciliar de medicamentos de uso
contínuo para pacientes a partir de 70 anos ou com qualquer condição crônica.
Só que não garante o mínimo de condições para que os servidores realizem essas
entregas. A situação é tão absurda a ponto de as chefias orientarem os
Agentes Comunitários de Saúde (ACS) a fazerem entregas “a pé”, carregando
medicações controladas, insulinas sem refrigeração.
Nem sequer as sacolas
para separação da medicação são fornecidas e os próprios servidores precisam
comprar.

Outro relato grave vem de uma unidade básica – e, portanto,
não preparada para o atendimento domiciliar – na qual a equipe de odontologia
está sendo enviada para fazer essas visitas. Além de não ser a equipe preparada
para atender pacientes em domicílio, eles relatam ainda a falta dos EPIs com
proteção mais adequada (máscara N95 ou PFF2, jalecos descartáveis e luvas).

Desmonte da Saúde da Família

Esse é mais um exemplo que comprova que durante a crise
sanitária ocasionada pelo coronavírus, os servidores e os usuários estão
sofrendo com o desinvestimento do SUS nos últimos anos.

O Programa de Estratégia da Saúde da Família foi uma das
tantas vítimas desse desmonte da saúde pública que reduziu os investimentos em
saúde pública nos últimos anos, uma política que não é exclusividade da gestão
municipal, nem somente do governo atual.

Passar pela pandemia do coronavírus parece ter sido
inevitável, no entanto a crise sanitária que vivemos poderia ser muito menor
não tivesse sido a constante política de demonstre da saúde pública. Depois de
destruir os serviços de Estratégia da Saúde da Família, agora o desgoverno
Greca quer jogar essa bomba no colo dos servidores e obrigá-los a realizar um
atendimento para o qual o município não tem mais estrutura.