Fala, Sevidor! Da sobrecarga ao assédio moral: a realidade absurda das USs em tempos de pandemia

Transformadas
num braço da rede hospitalar, as Unidades de Pronto Atendimento
(UPAs) de Curitiba vivem momentos de calamidade. Mas a realidade não
é muito diferente nas
Unidades de Saúde (US) da capital,
onde, já pressionados pela crise do coronavírus,
servidores
passaram a denunciar com mais frequência casos de assédio moral
.

Além
disso, a sobrecarga de trabalho provocada pelo fechamento de USs
durante a pandemia – alerta do SISMUC ignorado pelo desgoverno
Greca – e o desmonte na saúde pública municipal também têm
afetado a rotina das unidades e da própria comunidade. Refém da
política de descaso da gestão, a população se torna ainda mais
vulnerável neste momento de perigo generalizado!

Retrato
do desgoverno

A
incompetência do desgoverno Greca está custando a saúde dos
curitibanos, inclusive a dos trabalhadores que enfrentam o novo
coronavírus em suas rotinas diárias. Acúmulo de trabalho,
esgotamento físico e psicológico e o risco de contaminação por
causa da falta de estrutura nos ambientes e da distribuição de EPIs
mais seguros são alguns dos problemas relatados pelos servidores.

Mas
não só. Não bastasse tudo, muitos ainda têm que trabalhar sendo
vítimas de assédio moral por parte das chefias. Em várias USs,
funcionários denunciam gritos e atitudes de desrespeito
publicamente
, em frente a pacientes e a outros funcionários. Em
alguns casos, a repressão acontece até mesmo pelo whatsapp,
por onde muitos também são obrigados a discutir questões de
trabalho em seus horários de folga.

O
desprezo ocorre também com os que se queixam de sintomas da
Covid-19. Segundo denúncias, funcionários que alertam estar com
sintomas são ignorados e tachados de fingidos
, mesmo com a
explosão de casos sendo um fato entre os servidores da saúde –
tema constante de queixas do SISMUC diante do Ministério Público do
Trabalho (MPT).

O
risco de contaminação cresce à medida em que aumenta o desprezo da
gestão pela segurança mínima que os trabalhadores deveriam
receber. Há casos em que os servidores precisam trabalhar com
máscaras coladas com micropore, como o SIMUC já revelou. Outras
denúncias agora acrescentam que servidores do setor de
odontologia de algumas unidades são obrigados a usar a mesma máscara
N95 – modelo considerado mais seguro – por 30 dias direto
. Para outros funcionários, o uso da máscara cirúrgica,
que protege menos, também é controlado: em alguns casos uma por
turno, com orientação de remendar, caso estrague.

Os
absurdos quanto aos EPIs vão totalmente na contramão das normas da
Anvisa e do Ministério da Saúde, que estabelecem o descarte
imediato de máscaras úmidas, sujas, rasgadas ou amassadas.

População
que sofre

O
perigo é grande para o servidor, mas também para a população. Uma
vez que os servidores não estão devidamente protegidos e isso
facilita o contágio, o risco de infecção para pacientes que buscam
atendimento é alto
. E como nem testados os funcionários são, o
drama só cresce!

Outra
ameaça ao atendimento que vem sendo denunciada tem a ver diretamente
com o ataque ao quadro no funcionalismo público feito pelo
desgoverno Greca. Com a falta de trabalhadores na saúde,
servidores sem treinamento algum estão sendo lotados nos setores
defasados, mas que exigem habilidade
. Assim, são obrigados a
exercer funções mesmo não tendo conhecimento nenhum. Há até
mesmo relatos de voluntários realizando procedimentos invasivos,
colocando seu trabalho e a saúde dos pacientes em risco!

Outra
questão mostra que servidores da odontologia estão sendo deslocados
para atividades que não têm a ver com suas funções, e pacientes
que precisam de cuidado odontológicos estão desassistidos.

O
impacto também é grande para as comunidades que tiveram suas
Unidades de Saúde fechadas por causa da pandemia
. Sem explicar o
motivo, o desgoverno Greca fechou, em março, 35 unidades e remanejou
850 servidores para outros lugares. Sobrou para os pacientes, que
precisam se deslocar mais em busca de atendimento, mas também para
os trabalhadores, que enfrentam sobrecarga de trabalho com menos USs
funcionando.

Até
quando a segurança mínima e o direito básico vão ter que
continuar a ser exigidos? Até quando os trabalhadores continuarão
se expondo ao risco e a população tendo que pagar por tamanho
descaso?

A
crise não pode servir de desculpas para reprimir servidores e
encolher seus direitos. E os absurdos de um prefeito descomprometido
com a vida não podem ser pagos com o sofrimento!

Não é de agora que o SISMUC vem denunciando o impacto das medidas
de precarização adotadas por Greca na saúde pública. E não é
com assédio que os servidores vão se calar!