Vereadores de Curitiba aprovam organizações sociais as pressas temendo ocupação

A
Câmara Municipal de Curitiba voltou a ter uma sessão tensa. Os
vereadores enfrentavam protestos dos servidores municipais contrários
a adoção de organizações sociais na saúde e educação. As OSs
eram proibidas de atuar nessas áreas até hoje (28), quando o
legislativo aprovou a mudança. O debate, que estava na fase de
encaminhamento de posições, foi encerrado quando os trabalhadores
tentaram ocupar as galerias. A votação ocorreu em menos de cinco
minutos com a aprovação do projeto em primeiro turno.

O
placar inicial ficou em 21 votos favoráveis contra 7. Isso no
painel. Minutos depois, quando os ânimos haviam se acalmado e não
havia mais chance de ocupação, três vereadores anunciaram o voto,
sem ter registrado, ficando 23 a 8. A pressa e o conflito foi
criticada pelo vereador Goura (PDT). “Foi tenso dentro do plenário.
Ocorreu o encerramento da discussão e a votação. Muitos vereadores
saíram do plenário com medo e não votaram a favor, pedindo para
ser registrado o voto”, relata Goura.

Para
Goura, o

regime de urgência prejudicou todo o debate. As comissões de
educação e saúde não puderam sequer fazer a discussão. Apenas a
comissão de Redação, Constituição e Justiça. “O regime de
urgência retira a possibilidade do debate qualificado. Tem diversos
pontos para serem debatidos e não tivemos tempo. O legislativo está
subserviente. Quem manda somos nós vereadores ou o prefeito de
Curitiba? Pela forma que está, o prefeito acumula cargo de prefeito
e de presidente do legislativo”
,
critic
a.

Entre
ser apresentado e votado em regime de urgência sumaríssimo,
o
projeto d
o
prefeito Rafael Greca (PMN)
para
alterar a lei
municipal 9.226/1997

tramitou
em
apenas
dez dias na Casa, sendo que em menos de uma semana ele foi votado.
Esse foi uma das queixas do vereador de oposição Felipe Braga
Cortes (PSD). Ele

afirmou que o problema é a transparência na fiscalização.
“A
fiscalização é o grande problema. Isso no Brasil e em Curitiba.
Nessa lei, querem limitar em 40% a participação da gestão do
controle. Isso complica muito”
,
alert
ou.
A
oposição até tentou 
recolher
assinaturas para fazer o debate com mais tempo. Porém, conseguiu
apenas 10 das 13 
necessárias
para levar o assunto ao plenário.

Urgência
e transparência

Antes
da confusão, os vereadores debateram sobre a necessidade de adoção
das organizações como terceiro modelo de prestação de serviços a
ser utilizado em Curitiba.
O
líder do governo, Pier Petruzzielo (PTB), alegou que a discussão
tratava apenas da retirada deu um artigo.
Para
o líder do governo,
além
dos servidores municipais e da FEAES (Fundação Estatal de Atenção
Especializada em Saúde ),
é
necessário buscar um terceiro modelo.
O
líder do governo,
porém,
admitiu
que apesar da urgência, é necessário fazer o teste para ver se dá
certo ou não.
“Quero
ver a UPA CIC aberta e comparar com a UPA Tatuquara. Quem presta o
melhor serviço e mais barato. Se for ruim, eu serei o primeiro a
criticar”
,
aposta Pier.

A
transparência na fiscalização era o principal ponto de objeção
dos vereadores. “Um grande problema das Organizações Sociais é
que a transparência não existe. Por exemplo, na FEAES, o conselho
tem nove pessoas, sendo cinco da Prefeitura de Curitiba”, compara a
vereadora Josete (PT). Para ela,
se
tem médico fazendo ‘operação tartaruga’, a saída é
fiscalização mais rigorosa via processo administrativo, sindicância
e exoneração.
“Nós
temos formas de controle, portanto, isso não é argumento para
terceirizar o atendimento”
,
critica Josete. 
A
petista 
cobrou
a falta de fiscalização do legislativo 
e
afirmou
que vai encaminhar dois pedidos de investigação sobre o ICI e
contrato
s
de transporte em Curitiba.

Para
No
êmia
Rocha
(PMDB),
a intenção do prefeito Rafael Greca não é melhorar a saúde. Os
problemas são de gestão. Noêmia questiona se a vinda da
organização social não é para atender interesses de campanha.
“O
município tá comprando um produto ruim para agradar os empresários.
Esse é a real intenção do projeto”
,
suspeitou.

Conflito com municipais

A relação entre os vereadores e os servidores municipais está abalada desde que o prefeito Rafael Greca congelou salários, planos de carreiras e criou a lei de responsabilidade fiscal do município no chamado “Pacote de Maldades”. Para impedir a votação, os servidores ocuparam a Casa pelo menos três vezes. A votação acabou ocorrendo em junho, na Ópera de Arame, com forte aparato policial.

A força foi novamente utilizada nesta segunda-feira (28). Apenas cinco servidores puderam entrar no recinto e as galerias permaneceram interditadas. Do lado de dentro, mais de 20 guardas municipais, seguranças da Câmara Municipal e terceirizados impediram o acesso da população. A tentativa frustrada de ocupação não resultou em feridos.

Esse novo episódio é lamentado pela servidora municipal Marina Alzão Felisberto. “O Greca tem trazido essa política em que ele acredita Curitiba ser seu reino. Ele não discute com a comunidade, nem com ninguém. Ele vota do jeito que quer e está vendendo a cidade”, reclama.