O Sismuc ocupou a Tribuna Livre da Câmara Municipal de
Curitiba para apresentar as pautas de reivindicação da Campanha de Lutas 2016.
A exposição ocorre em um momento em que a Prefeitura de Curitiba negocia o
reajuste salarial de seus trabalhadores concursados, cerca de 40 mil
profissionais. Foram duas reuniões em que a gestão Fruet ofereceu reajuste
salarial abaixo da inflação de Curitiba medida pelo INPC e ainda de forma
parcelada. Os vereadores, após ouvir o relato do sindicato, disseram que são
contra qualquer tipo de parcelamento. Além disso, questionaram Irene Rodrigues,
coordenadora geral, sobre pautas como IPMC, fechamento de berçários,
atendimento na saúde, desvalorização da guarda municipal, plano de carreira e
negociação da greve vetada por Gustavo Fruet em 2015.
Para o Sismuc, a proposta da prefeitura de parcelar o
reajuste de 10,36% em abril e julho é indecente. Irene Rodrigues lembrou que a
inflação em Curitiba foi a maior do país, chegando a 12,58% e que a alta da
alimentação bateu 13,87%. “A pancada no bolso dos municipais não veio parcelada
e, contra o arrocho, nós vamos partir pra cima deles. Nós não estamos em um leilão. A
Prefeitura não pode mudar índice conforme a maré”, questionou. Irene também
estranhou a antecipação de subsídios aos empresários do transporte e pagamento
aos terceirizados: “Vemos todo o repasse adiantado para as empresas. A
justificativa? Cumprir com a folha de pagamento. Enquanto isso, a gestão de
Fruet corta horas-extras, descansos remunerados, faz contratações insuficientes
e ainda vem com a essa proposta de reajuste abaixo da inflação”, completou.
Para os vereadores, o parcelamento não deve ocorrer e não
deve ser aprovado quando o projeto chegar à Casa. Pedro Paulo e Salamuni
destacaram os avanços nas negociações nos últimos anos como Planos de Carreira,
elevação do cargo de educador para professor infantil e incorporações para
auditores fiscais, entre outros. Salamuni, ao final da Tribuna Livre, assumiu o
compromisso da Câmara Municipal em ser aliada dos municipais contra o
parcelamento do reajuste: “Foi neste governo que valorizamos os profissionais
municipais, como plano de carreira e progressões. Há empecilhos, mas me coloco
à disposição para intermediar esse processo. Estamos à disposição para
enfrentar esse debate. No
que depender de nós, vamos ver a questão do parcelamento do reajuste”,
posicionou-se.
Fruet
Ao abrir espaço para o sindicato, os vereadores também
questionaram algumas decisões políticas da equipe de Fruet. Entre elas, a
desvalorização dos servidores, queda de repasses, IPMC e conciliação das
greves. A primeira a tecer crítica foi a vereadora professora Josete. Para ela,
“apesar da crise, o servidor não pode pagar a conta com o seu suor e trabalho”.
Josete também considerou equivocado o fechamento de berçários e contestou a
queda nos investimentos em educação, que ficaram em apenas 25%, contra os 30%
prometidos por Fruet.
O IPMC também ganhou destaque nas palavras dos vereadores.
Chico do Uberaba perguntou onde foi parar “R$ 200 milhões” do Instituto,
somados a outros R$ 70 milhões destinados a contratação de novo software,
apesar de a gestão ter contrato com o ICI.
Já Noêmia Rocha, além de buscar entender o que está
ocorrendo com o IPMC, destacou que a alta de impostos se deu justamente para
garantir o pagamento dos municipais. “Em 2015, o IPTU e o ITBI foram reajustado
e a justificativa da prefeitura era honrar os valores com os servidores”,
cobrou.
Para o pastor Valdemir Soares, o governo tem prejudicado os
servidores e a população: “Não é só dos servidores, mas tiram também da
população, de segurança, saúde e educação, da manutenção de parques”.
Vereadores querem resolver pendências com municipais
Um dos motivos para que o sindicato utilizasse a Tribuna Livre era colocar os vereadores a par das negociações, como explica Irene Rodrigues: “Todos receberam um caderno com o detalhamento de nossas pautas. Nós estamos aqui hoje expondo a situação em que a prefeitura nos meteu. Ninguém aqui poderá alegar, como já aconteceu no passado, que foi pego de surpresa”, relatou.
Neste ponto, os vereadores buscaram informações sobre a conciliação das greves que foi aprovada por eles em 2015 e vetada por Fruet com a promessa de abrir diálogo sobre o assunto. “Os senhores estiveram com a gente na reunião com o prefeito. Ele disse que ia negociar. Depois disso, foram inúmeras as tentativas de diálogo sem sucesso. Disse que discutiria novamente na data base. Esperamos novamente que essa Casa haja a favor dos servidores. Queremos terminar essa gestão como começamos, zerando os problemas de greve”, recordou Irene.
Por fim, os legisladores também questionaram sobre leis aprovadas que não foram implementadas. O sindicato, por sua vez, cobrou empenho para destravar pautas. “Ocorreram avanços em muitas negociações, mas o ritmo de negociações tem diminuído. É o caso da transição de cargos na enfermagem e ASB. A prefeitura aprovou a lei e só quer que 15% se enquadrem nela. Mas, infelizmente, a Prefeitura não retoma o debate e a saída é judicial”, explicou a coordenadora.