Falta de funcionários e de condições
para atendimento específico para a criança especial, que requer cuidados
diferenciados. Essa é a queixa de dez em cada dez professores de Educação
Infantil.
O maior problema enfrentado é o
fato de muitas crianças não contarem com laudo sobre a situação da criança
especial, mesmo que os profissionais já tenham repassado os sinais de alerta
para a assessoria pedagógica da Prefeitura. Com o laudo, a gestão é obrigada a
fornecer atendimento especial e contratar um professor de apoio. Ou seja, é a
necessidade de mais um profissional em sala, favorecendo a inclusão.
“Não conseguimos atender as
crianças da forma adequada, da inclusão da criança com a turma, assim como o
restante da turma. Recuso-me a trabalhar sem uma professora de inclusão”,
afirma a professora de Educação Infantil, Thais.
“Acabamos ficando sozinhas”
A professora de Educação Infantil
e integrante do grupo técnico do segmento, Alessandra Oliveira, também se
refere à sobrecarga e à falta de condições em sala para trabalhar com crianças
especiais. Por esse motivo, os professores da educação infantil reivindicam concurso
público para que haja mais professores em sala de aula, para atendimento geral
e também específico.
“Na minha turma, entrará mais uma
inclusão na sala e não temos profissionais. Temos três de manhãs e dois a
tarde. Por lei, a criança tem direito a um profissional de apoio. Estamos nos
matando para que a inclusão não acabe virando segregação. Não há como trabalhar
atividades específicas porque acabamos ficando sozinhas”, afirma Alessandra.
Reveja a reportagem
Prefeitura devolve ao trabalho professores afastados
Estamos nos matando para que a inclusão não acabe virando segregação
Professor da Educação Infantil fornece o sinal de alerta
Os educadores são críticos à demora no encaminhamento por parte da Coordenadoria de Atendimento às Necessidades Especiais (Cane) referentes ao laudo. “A criança necessita de cuidados especiais e a Prefeitura não fornece o necessário”, diz Alessandra Oliveira, apontando a vagarosidade para o encaminhamento, quando o laudo é definido como positivo.
“A criança tem um sinal diferente. Mas o laudo pode levar até um ano para sair. Se não sabemos qual é a síndrome, e não tendo laudo, não temos como fornecer o melhor desenvolvimento para aquela criança”, protesta.
Falta de formação específica
Há ainda o desafio da falta de oferta de formação específica para o professor de Educação Infantil. “Não é a Prefeitura que nos dá formação. No meu primeiro contato, eu fui buscar por conta própria e não tenho nenhuma formação em educação especial”, diz Alessandra Oliveira.
Com isso, como se vê, educadores buscam se formar por conta própria. “Muitos de nós já fizeram especialização em educação especial e nos cursos básicos. Quando a Prefeitura proporciona é muito pouco. Trocas de experiências não nos vale, temos que ter uma formação continuada”, define Alessandra.
Este ponto está na pauta e é compromisso da gestão Fruet. “A Prefeitura comprometeu-se em fazer esta formação, ainda neste ano, mas se não temos hora-atividade garantida, como se vai liberar trabalhadores para fazer o curso?”, critica Jonathan Faria Ramos, da coordenação do Sismuc.