“Nós somos um movimento contra a violência policial, mas
sindicalista também sofre com isso. Meu marido é dirigente, fez manifestação pedindo
ar condicionado e levou spray de pimenta na cara. Isso não é violência policial”?
Quem faz o questionamento é Débora Silva Maria, fundadora
e coordenadora das Mães de Maio. O movimento surge no estado de São Paulo
frente a uma chacina cometida pela Polícia Militar que imprensa comercial
tentou atribuir ao PCC – Primeiro Comando da Capital em maio de 2006.
Ela conta que se organizaram para reivindicar que o Estado
reconhecesse a responsabilidade pelos crimes. Mas, para isso, era preciso
combater a desinformação propagada pelas empresas que são donas de meios de
comunicação. “Nós respondemos a mídia bandida porque pagamos por uma guerra que
não era nossa, nossos filhos pagaram, mas também as famílias”, relata.
Ela fala na mesa “movimentos sociais e a disputa
comunicacional no Brasil” no 3º Seminário Unificado de Imprensa Sindical,
realizado entre os dias 23 e 25 de setembro em Florianópolis-SC.
“É difícil para o jornalista sindical conseguir pautar
denúncias do movimento social, seja por entrave das direções ou da própria
categoria. Mas o nosso sindicato investe na comunicação e nós temos autonomia
para dabater esses temas, mesmo que não seja consenso”, conta Marcela Cornelli,
jornalista do Sindprevs-SC.
Ela relata que é o caso da Revista Previsão, que abordou o
conflito entre o governo do estado de Santa Catarina e o povo Guarani do Morro
dos Cavalos, na região de Palhoça. “Quando acaba nossa terra, acaba nossas
plantas, nossa luz, nossa água, nossa vida”, explica a cacica Keraxu Yxapyry.
Segundo ela, a imprensa catarinense atacou o direito de ir e
vir do povo guarani do Morro dos Cavalos. Nenhum jornalista da RBS, de acordo
com a cacica, foi procurá-los para obter o outro lado a respeito da terra
contestada. Mas a Marcela, do Sindprevs, fez uma extensa reportagem para a
revista da entidade, colocando em prática o princípio da disputa pela hegemonia
da mídia.