O último confronto, noticiado constantemente nas mídias, rádios
e jornais, ocorrido no município de Antonio João (Mato Grosso do Sul), deu-se
com brigas, pancadaria, muita correria e infelizmente tivemos a execução do
indígena guarani-kaiowá Semião Fernandes Vilhalva, morto com um tiro na cabeça
no dia 27 de agosto de 2015.
Esses conflitos vêm se alastrando por muito tempo e muitas
vidas já foram ceifadas. Para entender todos os conflitos, temos alguns dados
importantes:
No estado do MS, em 13 anos já foram mortos 2112 índios por
improvisação de aldeias na beira da estrada e falta de atendimento médico.
Em 10 anos, já foram assassinados 15 líderes indígenas.
Esses conflitos entre índios e fazendeiros já fizeram com
que 41 índios fossem assassinados o ano passado, e este número vem crescendo a
cada ano que passa.
O MS é o estado com maior número de assassinatos de índios a
cada ano no Brasil e lidera ocorrências de suicídios.
Os ataques as tribos indígenas por fazendeiros já foi algo denunciado
inúmeras vezes pela Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Desde 1950, as áreas do município de Antonio João (MS) foram
invadidas por fazendeiros e desde este
período o conflito vem se alastrando, pois os índios foram expulsos e sem ter
para onde ir se amontoaram perto das estradas.
Atualmente das fazendas
invadidas o governo considera apenas quatro e elas fazem parte da Terra Índigena
Nande Ru Marangatu, homologada pelo Governo Lula em 2005 e demarcado, mas que estão em
processo de disputa judicial no STF há dez anos. Esta área representa cerca de
9,5 mil hectares e na justiça eles conseguiram apenas 150 hectares, por conta
dos recursos e da longa demora judicial.
Muitos índios são
assassinados por milícias ruralistas, fazendeiros e incitados por sindicatos
patronais e políticos irresponsáveis. A demarcação destas terras muitas vezes
não respeita o espaço e delineamento indígena e enquanto não houver um
julgamento final deste processo mais índios podem ser mortos e massacrados.
O Sismuc reitera o pedido de averiguação e punição dos
envolvidos no assassinato de Simão Vilhalva aos órgãos competentes e juntamente
com outras entidades representativas que tenhamos um enfrentamento para acabar
com esses extermínios, com desrespeito a cultura indígena e com toda forma de
preconceito.