O Governo do Paraná, por meio da
assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde, nega que tenha dado calote no
repasse de verbas para o município de Curitiba concluir a Unidade de Saúde
Campo Alegre. Para o governo Beto Richa, enquanto a obra da gestão Gustavo
Fruet não atingir 70% de conclusão, o dinheiro não pode ser repassado. Atualmente
a obra está 69% concluída.
O questionamento da Sesa se deu
após o Sismuc publicar reportagem apontando a paralisação de duas Unidades de
Saúde básicas do municipal, localizadas no Campo Alegre (CIC – região sul) e no
Jardim Aliança (Santa Cândida – região norte). A primeira tinha a entrega das
obras previstas para março de 2014, ao passo que a unidade Jardim Aliança
estava prevista para setembro de 2013. Ambas estão completamente abandonadas,
na periferia de Curitiba, em local de demanda por atendimento.
O governo do Paraná, por sua vez,
afirma que não há débitos e a última parcela de cada obra será repassada
conforme apresentação de nova medição por parte da Prefeitura. Em nota
publicada na página do Sismuc nas redes sociais, além de dizer que a “matéria é
falsa”, num dos trechos, o governo estadual justifica o que havia sido informada
em reportagem (reveja):
“A unidade Campo Alegre está com
69% da obra e já recebeu três das seis parcelas previstas no convênio. A quarta
parcela será paga quando a unidade estiver com 70% da obra concluída. E as próximas
parcelas serão pagas conforme novas medições”, descreve a gestão estadual.
Abandono no Campo Alegre gera pressão sobre outras USs
Tanto governo estadual quanto a
prefeitura recebem a crítica da coordenação do Sismuc: “Independente de quem é
a responsabilidade, se da Saúde Estadual, que não repassa a verba por causa de
1% ou da Secretaria Municipal de Saúde, que não retoma a obra, quem está sendo
punido é o cidadão curitibano. O que é 1 por cento, 20 mil reais?”, alerta
a coordenação do Sismuc sobre este debate.
Enquanto isso, a demora na
conclusão das duas unidades, localizadas em dois bairros da periferia de
Curitiba, pressiona unidades vizinhas, com grande demanda no atendimento. Ontem
mesmo, o incidente ocorrido na Unidade de Saúde Nossa Senhora da Luz, quando um
médico foi ameaçado, fato que repercutiu na imprensa, é atribuído pela direção
do Sismuc à falta de funcionários frente à grande demanda pelo serviço de
saúde.
“Se a Unidade do Campo Alegre
estivesse pronta, não haveria tanta sobrecarga sobre a unidade localizada na
Vila Nossa Senhora da Luz”, lamenta a coordenação do Sismuc.
A própria Prefeitura de Curitiba reconhece
que a área da US Nossa Senhora da Luz – mesma região da US Campo Alegre – já
contava com aproximadamente 17 mil habitantes quando do Censo de 2010, dado que
saltou para 24 mil usuários cadastrados, sendo 70% usuários do SUS.
Hostilidade
Antes de publicar a nota nas redes sociais, a
assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Saúde do Paraná (Sesa) entrou
em contato com a comunicação do Sismuc. Em tom ríspido, a assessoria do governo
estadual questionou a reportagem, na visão do governo do estado, em tese
favorável à Prefeitura de Curitiba.