O Prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, busca uma forma de viabilizar a atual estrutura do sistema de transporte da cidade através de uma repactuação entre os 13 municípios atendidos pela Rede Integrada e o Governo do Estado. Sua estratégia se baseia, portanto, em distribuir o peso do subsídio necessário para arcar com uma nova e alta tarifa técnica, estimada em R$3,20, entre todos que são atendidos pelo sistema. Uma missão inglória, é que espremer os municípios menores para dividir esse fardo significa sufocar orçamentos locais que precisam dar conta de serviços públicos já precários, em nome da manutenção do valor da tarifa.
Seria essa a saída? Fruet trilha o caminho que considera “mais seguro”, agindo sob a superfície ao invés de questionar as premissas. Evita os confrontos sob o argumento da legalidade, mas não adota medidas administrativas nem mesmo para apurar quem e por qual motivo se operou uma evidente fraude no edital de licitação do transporte, na gestão de Beto Richa, denunciada pela própria auditoria criada pela Prefeitura no ano passado. O Prefeito mantém em altos postos de comando da URBS gestores da administração anterior, quando se institucionalizou toda essa sangria da tarifa técnica e se consolidou o cartel do transporte na capital.
Ele alega estar agindo junto ao Tribunal de Justiça (TJ) para cobrar o julgamento do mérito da ação popular que pede a anulação da licitação de 2010. Essa seria a forma “segura” de agir. Diz isso, mas não se posiciona em que lado está no processo, nem tampouco defende a liminar do Tribunal de Contas do Estado (TCE) que determina a redução de 15,03% no valor da tarifa. A procuradoria do município se cala. Deixam, passivamente, a cargo do judiciário – o mesmo que tem assegurado sucessivos ganhos às empresas – que defina a política do executivo. O que aparenta ser um respeito aos poderes, se torna uma subordinação. Providencial.
Na ofensiva política, Beto Richa, mesmo que seja o responsável por criar esse monstro herdado por Fruet, toma a ofensiva através da Procuradoria Geral do Estado (PGE), vai ao TJ e defende a liminar do TCE. Demagogia?Certamente. Mas o que fará o Prefeito? Agir como um avestruz e fazer de conta que não é com ele? Ou defender que não haja nenhum aumento na tarifa até a decisão do TJ e entrar também como parte para defender a liminar do TCE, excluindo apenas a parcela relativa à taxa de administração da URBS para não inviabilizar a continuidade do sistema?
A população espera uma atitude administrativa de Fruet. Ninguém aguenta mais essa política de “enxugar gelo”, com uma única consequência óbvia:infinitos impasses na esfera judicial, inércia administrativa e a manutenção das benesses aos empresários por longos anos. Quem paga o preço é opovo, que nem sabe, mas os recursos – que deveriam financiar creches,unidades de saúde, moradias dignas, saneamento e cultura, entre outros serviços públicos – continuarão desviados para manter essa promiscuidade estabelecida.