Sindicato propôs calendário para estudar possibilidades de redução de jornada, mas secretária de RH, Maria do Carmo, se negou a estabelecer cronograma com servidores em greve há 60 dias. Greve prossegue.
Na proposta de mesa de negociação apenas em 2 de fevereiro, a secretária de RH, Maria do Carmo, justificou que a prefeitura não tinha corpo técnico para fazer a avaliação dos custos. Agora, a versão é de que os custos seriam altos, mas não apresenta quanto. Essa postura faz com que a greve dos excluídos prossiga por tempo indeterminado. “A prefeitura tem que manter apenas uma versão. Diz que o custo é elevado, mas não mostra aos servidores. Esse dado deve ser público e não privativo a um grupo de pessoas”, critica Marcela Bomfim, presidente do Sismuc.
A reunião com a comissão de negociação começou com a prefeitura batendo o pé. “Nossa posição já está tomada”, disse a secretaria de recursos humanos Maria do Carmo. Mesmo depois de 60 dias de paralisação e de proposta do sindicato de calendário de negociação que gerasse a possibilidade de suspender a greve. A justificativa da prefeitura para não conceder às 30 horas é o custo financeiro (precisaria contratar apenas 250 profissionais), no entanto, a administração municipal se negou a apresentar as planilhas sobre os investimentos necessários para a implementação de jornada dos 12% restantes da saúde. “A prefeitura prefere apagar incêndio com gasolina, ao invés de negociar com os trabalhadores”, se espanta Alessandra Oliveira, secretária de comunicação do Sismuc.
“Eu perguntei qual era o impacto com as categorias já contempladas e qual seria agora, mas não nos apresentaram os valores, sequer um papel”, revela Lucimara Fediuk, técnica em saneamento. A prefeitura investe apenas 16% em saúde, apenas um por cento a mais do que manda a lei. “Se a prefeitura apresentasse as planilhas, nós estaríamos estudando igualmente as possibilidades. Quem sabe não poderia remanejar recursos dos 28% dos vereadores, índice bem acima da inflação, o que demonstram quais são as prioridades dos atuais gestores municipais”, contou Ana Paula Cozzolino, secretaria geral do Sismuc.
Com a intransigência da secretária em estabelecer cronograma, a assembleia da categoria decidiu seguir com a greve e, daqui pra frente, ela vai propor um calendário coma possibilidade de construir a redução de jornada. “Nós vamos propor um calendário e, se aceito, podemos retornar ao local de trabalho com a suspensão da greve”, diz a farmacêutica Beatriz Patriota. Esse calendário deve ser também encaminhado também ao ministério público e desembargadora Astrid Maranhão de Carvalho, da 4ª Vara Cível , demonstrando que os servidores em greve há 60 dias sempre tentaram o diálogo com a secretária de recursos humanos.
Os servidores devem recorrer ao DIEESE já na sexta-feira. Além disso, os excluídos se encontram na Rua XV, onde distribuíram novo material informativo para a população sobre a falta de planejamento da prefeitura, vão visitar as redações de jornais para expor a intransigência da secretária de RH, além de formar grupos de Trabalho para mapear onde será necessário contratar funcionários públicos e o impacto disso.
Desconto de greve
Durante a mesa de negociação, a administração, em ata, “informa que a liminar para pagamento dos salários em decorrência da greve será cumprida”. No entanto, o pagamento ainda não foi realizado. O advogado do Sismuc disse que a justiça já foi informada que os salários não foram depositados.
Além disso, Ludimar Rafainhim alerta que os servidores não podem ser ameaçados de exoneração e outras penalidades. “Se for necessário, vamos recorrer até ao STF”, se compromete o advogado.