Com jornadas desgastantes de 8 horas diárias e um piso de R$ 607,46, categoria vai às ruas para exigir valorização profissional
A garantia de educação pública de qualidade é um dos slogans mais utilizados por administrações públicas. Mas a realidade aponta a violência dentro das escolas, jornadas de trabalho superextensas e baixa remuneração. Estes são alguns dos problemas com os quais os auxiliares de serviços escolares (inspetores), agentes administrativos entre outros trabalhadores da educação tem de enfrentar no dia-a-dia.
Com jornadas desgastantes de 8 horas diárias e um piso salarial de R$ 607,46 – sendo um dos menores da PMC, a categoria vai às ruas para exigir o piso de R$ 1.312,67, conforme estabelecido pelo movimento nacional dos profissionais em educação. Um ato marcado para o próximo dia 18 promete reunir os trabalhadores da educação pela valorização e conquista do piso. A mobilização inicia 9 horas e a concentração será na Boca Maldita.
No governo do estado já houve mudanças. A carreira dos auxiliares de serviços escolares passou por uma grande transformação. A lei 12.014/09 que altera o Art. 61 da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) estabelece que todos os funcionários de escola se tornem profissionais da educação, por meio de um curso profissionalizante (PROfuncionário). Assim, no estado do Paraná, estes trabalhadores já contam com um piso mínimo de R$ 1.024,00.
A revisão desta situação foi assumida como compromisso pela gestão da prefeitura, em negociação realizada no dia 19 de março, mas até o momento não houve retorno.
Muitos alunos, várias atribuições e poucos inspetores
Estes profissionais são fundamentais na educação das crianças, pois exercem atividades importantes dentro das escolas e cmei’s, organizando, orientando e cuidando do trabalho burocrático, sendo figuras exemplares. Sem estes trabalhadores, a educação não funcionaria em Curitiba.
Os trabalhadores da educação atuam como auxiliares administrativos nas escolas, organizando documentos e atendendo a comunidade na secretaria das escolas. Em alguns momentos são “enfermeiros”, garantindo os primeiros socorros às crianças que se acidentam. Também atuam como “professores” nas salas de aula, quando estes profissionais precisam se ausentar em dias de chuva ou quando ficam doentes. Os auxiliares também são “psicólogos”, atendendo crianças que têm dificuldade de adaptação no ingresso escolar e em conflitos entre alunos. Não é raro também vê-los assumindo o papel de “telefonistas”, atendendo chamadas telefônicas. Eles também são “educadores”, pois trocam fraudas e dão banho nos alunos das escolas especiais.
As escolas de Curitiba já chegaram a contar com um inspetor para 150 crianças. Depois de várias mobilizações da categoria e solicitações em mesas de negociação, esse índice diminuiu para 90 crianças, devido à contratação de mais servidores. Essa relação ainda é desigual e traz riscos às crianças e aos servidores, pois é praticamente impossível um adulto cuidar de tantas crianças (de 5 a 11 anos) ao mesmo tempo. Além disso, há problemas estruturais nas escolas para se garantir o atendimento adequado.