Prefeito diz buscar contenção de custos, mas aumenta gasto com publicidade

14/09/2009 – 17:10 

Beto Richa nega recuperação das perdas salariais e esbanja nas propagandas
 
Quem liga a televisão, o rádio ou jornais impressos logo se depara com uma propaganda da prefeitura de Curitiba. E não são poucas e nem esporádicas. Na programação televisiva elas aparecem geralmente em horário nobre, quando o valor do anúncio publicitário é mais caro. Em algumas emissoras, uma inserção de 30 segundos chega a custar perto de R$ 20 mil.
 
Os gastos com anúncios publicitários divulgados pela administração municipal não chamariam tanto a atenção, por mais alto que custassem, não fosse o discurso atual do prefeito Beto Richa e dos demais secretários. Durante as negociações coletivas com os representantes dos servidores e no seu contrato de gestão, Richa afirma que é preciso cortar gastos, tendo em vista a crise econômica. Os servidores municipais constataram na pele esse corte de custos, amargando uma perda salarial de 14,6%, a qual o prefeito se nega a reconhecer. A população também sai prejudicada com a redução dos investimentos nos serviços públicos prestados. Por outro lado, quando se fala em gastos com publicidade, o que se percebe é um aumento constante das cifras.
 
Levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), a pedido do Sismuc, confirma essa afirmação. Em 2006, por exemplo, gastou-se praticamente R$ 20 milhões com publicidade e propaganda, sem levar em consideração os pagamentos empenhados por empresas de publicidade contratadas pela prefeitura. Em 2008, esses valores subiram para R$ 24,6 milhões e a Lei Orçamentária Anual (LOA) deste ano, prevê um gasto de R$ 25 milhões. 
 
A legislação sobre publicidade institucional proibi a promoção pessoal. Anúncios pagos pela prefeitura que não tenham caráter de utilidade pública, por exemplo, podem ser considerados abusivos. O gasto do dinheiro público com publicidade, sem justificativa, é uma questão imoral, também, para a secretária de imprensa e comunicação do Sismuc Alessandra Cláudia de Oliveira. “Discordamos da forma como a atual gestão da prefeitura conduz a máquina pública, sobretudo em relação aos gastos com publicidade, porque esse mesmo recurso poderia ser aplicado para melhorar as condições de trabalho dos servidores e, consequentemente, reverter em benefícios para a população que depende dos serviços públicos”, diz.
 
Imprensa Sismuc