20/08/2009 – 16:50
O boato de que os serviços de caixa serão terceirizados nos Armazéns da Família, acompanhando a reposição, as vendas e a limpeza, tem deixado os servidores apreensivos. Muitos que já estão com salários empenhados com financiamentos, se deixarem de receber as gratificações, terão graves problemas para pagar as contas. A medida afetaria diretamente 252 servidores que operam os caixas, atualmente.
Em entrevista ao jornal do Sismuc, o secretário de abastecimento Norberto Ortigara confirmou a informação e disse que a proposta vem sendo estudada também pela Procuradoria, já que implicaria em uma alteração na lei 11.000. “Precisamos de pessoal para dar conta do recado. Ter gente suficiente para atender a população. Reduzir o tempo de atendimento. Afinal, os Armazéns têm cara de loja privada”, diz ele. Pesariam em sua decisão a lentidão para contratar pessoal concursado, pois estão abrindo novas lojas na cidade, e a dificuldade de adaptação dos servidores aos serviços de caixa.
As condições de trabalho precarizado têm dificultado a adaptação dos servidores a essa função. Os afastamentos são comuns. Em alguns locais sabe-se que eles chegam a operar com 50% do efetivo devido, sobretudo, aos problemas de Lesão por Esforço Repetitivo (LER). O ritmo acelerado e sem pausas, a falta de funcionários para dividir tarefas e a ausência de esteiras rolantes estão entre os principais causadores de doenças ocupa-cionais.
Uma servidora que, mesmo lesionada, continua atuando no caixa, conta que chegou a ficar quase um mês afastada e que seu médico diagnosticou a tendinite no pulso, ou seja, inflamação no tendão por conta da atividade profissional. Ela diz que continua trabalhando para não perder as remunerações variáveis, porque está com boa parte do salário comprometido.
“A terceirização não resolve os problemas de falta de pessoal, porque outros trabalhadores vão estar expostos às mesmas condições precárias. Apenas se transfere o problema”, diz a presidente do Sismuc Irene Rodrigues. “Hoje não existe a função de caixa. Também acho que tem que reformular a lei 11.000, mas criando e corrigindo desvios de função”, completa.
A secretária geral do Sismuc Marcela Alves Bomfim, lembra que o problema da terceirização não ocorre só nos Armazéns. As cozinheiras, trabalhadores de limpeza pública, o transporte coletivo, parte da manutenção do mobiliário urbano, vigilância, unidades de saúde (contrato com hospitais e agentes comunitários de saúde) e alguns profissionais da Assistência Social já contam com contingente de trabalhadores em condições mais precárias. Marcela também cita o que vem ocorrendo na Fundação Cultural, onde há ameaça de terceirização das salas de cinema.
Juntamente com o fim das terceirizações, o Sismuc tem defendido a abertura de concursos públicos para que os trabalhadores que atuam em terceirizadas também tenham a chance de ingressar na carreira pública.
Imprensa Sismuc