Trabalhador não é mercadoria e servidor municipal não vai pagar a dívida

A greve geral reuniu pela manhã trabalhadores de todas as categorias no Centro Cívico. Milhares de pessoas, tanto da iniciativa pública como da privada, protestaram contra as reformas que estão sendo encaminhadas pelo presidente Michel Temer sem o debate com a sociedade. Os trabalhadores repudiam as práticas governistas dos governos federal, estadual e municipal, que se utilizam de manobras políticas para tentar retirar os direitos trabalhistas e a aposentadoria da classe trabalhadora. O ato ecumênico na praça Tiradentes, com a participação de lideranças religiosas que professam diferentes formas de fé, encerrou as atividades do período da manhã. A direção do Sismuc permanece em luta em frente à prefeitura, junto com os demais sindicatos de servidores, e aguarda reunião com a gestão.

A coordenadora geral do Sismuc, Irene Rodrigues,reafirmou o posicionamento político do sindicato, que é contrário às reformas da Previdência e Trabalhista e à terceirização das empresas, por entender que o governo de Michel Temer age com cinismo ao esconder da população os objetivos das reformas .”Esse governo ilegítimo mente quando diz que é necessário fazer as reformas que já estão tramitando no congresso federal. Mas quero dizer para todos os servidores públicos que a nossa Constituição Federal garante o financiamento para a Seguridade Social. Então é mentira que não tem dinheiro para governar, que faltam recursos para a Saúde, Assistência Social e Previdência. A população precisa entender que há orçamento público para além da contribuição dos trabalhadores. Não podemos aceitar essas reformas que tiram direitos historicamente conquistados”, protestou Irene

Greca age na ilegalidade

O Coordenador de Formação e Estudos Socioeconômicos do Sismuc, Juliano Rodrigo Marques Soares, destacou que a greve é nacional, mas enfatizou que as pautas municipais também fazem parte desta luta. Ele explicou que prefeito Rafael Greca está agindo na ilegalidade quando não cumpre o pagamento da data base ou faz o enquadramentos dos servidores aos planos de carreira. “Hoje a prefeitura tem credores que, juntos, somam mais de 5 bilhões de reais, ou seja, dinheiro suficiente para movimentar e para conseguir cumprir as legislações vigentes. A data-base é lei e o prefeito está descumprido, pois age na ilegalidade. O enquadramento dos planos de carreira também é lei, mas o prefeito vem desrespeitando essas legislações desde que assumiu seu mandato”, enfatizou Juliano. 

O diretor também fez questão de frisar que a dívida da prefeitura não é dos servidores e contribuintes. Ele argumentou que sequer a gestão convocou os servidores para construir alternativas frente à crise e ao endividamento da prefeitura anunciado em janeiro. “A crise é do gestor, que tinha que dialogar conosco de que maneira vai solucionar a falta de caixa da prefeitura. Não é tirando do nosso bolso, não é congelando o nosso salário, não é aumentando o desconto do IPMC e o desconto do ICS. Queremos dialogar com a prefeitura e não aceitaremos esse pacote de ajuste fiscal como dívida dos servidores. Se a prefeitura tem dívidas não seremos nós quem pagaremos essa conta”, anunciou.

O trabalhador não é mercadoria

Em frente à Catedral, os líderes religiosos lembraram que a igreja católica apoia a luta dos trabalhadores dos Brasil por direitos conquistados e que colaborou com a convocação dos seus fiéis para a participarem da greve do dia de hoje. Os bispos e arcebispos da igreja afirmam que o debate sobre a Previdência não pode se restringir a uma disputa ideológico-partidária, a qual está sujeita a influências de grupos dos mais diversos interesses.

Em nota divulgada no mês passado sobre a Reforma da Previdência, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil ( CNBB) afirma que é necessário um amplo diálogo sincero e fundamentado entre governo e sociedade. “Ao propor uma idade única de 65 anos para homens e mulheres, do campo ou da cidade; ao acabar com a aposentadoria especial para trabalhadores rurais; ao comprometer a assistência aos segurados especiais (indígenas, quilombolas, pescadores); ao reduzir o valor da pensão para viúvas ou viúvos; ao desvincular o salário mínimo como referência para o pagamento do Benefício de Prestação Continuada (BPC), a PEC 287/2016 escolhe o caminho da exclusão social”, diz o texto.

Além dos cristãos católicos, lideranças religiosas de diferentes manifestações da fé como espíritas, umbandistas, candomblecistas, evangélicos, judeus, muçulmanos, dentre outros, se mobilizaram e alertaram o povo sobre as perdas de direitos com as Reformas da Previdência e Trabalhista.